À margem de uma concentração de trabalhadores em solidariedade com um vigilante suspenso após ter denunciado ser vítima de assédio moral – e na qual estiveram presentes o deputado do PS Miguel Matos, a deputada do PCP Alma Rivera e o deputado único do Livre Rui Tavares – Catarina Martins foi questionada pelos jornalistas sobre o impasse nas negociações na educação.

“Sobretudo é preciso que o Governo esteja a falar a sério. Quando se ouve o ministro das Finanças dizer que nada pode estar em cima da mesa das negociações que aumente a despesa estrutural, quer dizer que o Governo não está a negociar com os sindicatos, está a fazer de conta”, acusou.

Na opinião da líder do BE, as escolas e os professores precisam de “uma decisão de investimento que é despesa estrutural, mas faz parte”.

“Um país que sabe que a educação é necessária terá de dar esses meios à educação”, apelou.

Para Catarina Martins, os “alunos são penalizados quando a escola não tem condições para trabalhar”.

“Eu sei que há quem esteja desesperado com a greve pelos seus filhos não terem aulas, mas lembro também que há tantos estudantes sem aulas durante meses porque pura e simplesmente não é possível contratar professores para algumas disciplinas e para algumas zonas do país”, referiu.

Considerando que “a luta dos professores é uma luta muito justa pela escola pública”, a coordenadora bloquista atira ao executivo do PS.

“O problema é que o Governo adiou tanto qualquer solução que criou uma situação explosiva nas escolas e neste momento tudo o que o Governo diz é que vai cumprir aquilo que já é obrigado a fazer pelos professores contratados ou pelo menos por uma parte deles”, criticou.

No entanto, Catarina Martins, “esse não é o único problema da escola”.

“Os professores têm salários muito baixos, não têm maneira de pagar as deslocações que têm que pagar para ir trabalhar, têm escolas em que falta tanta coisa e portanto o Governo deixou degradar de tal forma a situação que agora precisa de muito mais do que dizer que vai cumprir uma legislação que já devia estar a cumprir há tanto tempo”, lamentou.

O ministro da Educação fez hoje um balanço positivo das negociações sobre a contratação e colocação de docentes e apelou para o fim das greves em curso, afirmando que já há pontos de entendimento com os sindicatos

“Fiz um apelo, muito claramente, ao fim da greve. Se estamos a negociar, se estamos a trabalhar em conjunto e temos pontos em que já conseguimos perceber que vamos ter acordo, não há razão para continuarmos com esta perturbação continuada no sistema”, disse João Costa em declarações aos jornalistas.

O ministro da Educação e o secretário de Estado, António Leite, voltaram hoje a sentar-se à mesa com sindicatos do setor nas últimas reuniões da terceira ronda negocial sobre o regime de recrutamento e mobilidade de pessoal docente.