"Um Bloco que não se encosta" é o nome da moção M, muito crítica da atual liderança de Catarina Martins, que conseguiu 47 dos 625 delegados à Convenção Nacional do partido, que começou hoje e termina no domingo, em Lisboa.

"Entendemos que não temos condições para estar a disputar a Mesa Nacional e os órgãos políticos do Bloco e tendo em conta os recursos limitados que neste momento temos, como nova moção, o nosso tempo, as nossas forças e o nosso projeto é melhor dedicado na construção do partido pelas bases", justificou Francisco Pacheco, em declarações à agência Lusa.

O representante da moção M assegurou, no entanto, que o texto de orientação política se mantém a votos no domingo e promete "oposição à atual direção, a todos os níveis".

"O Bloco constrói-se mais do que em órgãos nacionais, que muitas vezes estão mais esvaziados de poder, e em que muitas vezes as correntes minoritárias não são propriamente ouvidas ou respeitadas com grande vigor", criticou.

Segundo Francisco Pacheco, "é pelas bases que se constrói o partido".

"Nós não temos uma posição contra o princípio de apresentação de listas a órgãos nacionais, não o afastamos em termos futuros, mas estrategicamente entendemos que o trabalho de organização das bases é o correto e é o mais importante neste momento", explicou.

No seu texto, a moção M condena "a imagem de um Bloco integrado confortavelmente num sistema político que, supostamente, quer mudar", uma vez que isto "só pode ser um obstáculo à construção de um projeto político que é alternativo ao atual estado de coisas".

"O BE apresentar-se-á às próximas eleições legislativas a partir do balanço crítico e sério das limitações do acordo de governo vigente", defendem, considerando que partido, "que não se nega a convergências pontuais que melhorem a qualidade de vida de trabalhadores, recusa o apoio e uma possível participação num governo do PS".

Para os subscritores da moção "Um Bloco que não se encosta", o BE "mostra-se apenas como partido tradicional e nada como movimento", criticando a falta de "democracia interna, militância significativa e protagonismo das bases" e o excesso de "centralização, institucionalização e rotina", em que sobram "acordos de cúpula e falta de debate estratégico de fundo mais vivo e mais formação política".