Uma delegação do BE, constituída pela coordenadora do partido, Catarina Martins, pelo fundador Luís Fazenda e pelo ex-deputado e dirigente José Manuel Pureza, reuniu-se esta semana com o novo representante da Frente Polisário em Portugal, Omar Mih.
Em declarações à agência Lusa a propósito deste encontro pedido pela Frente Polisário, José Manuel Pureza começou por expressar a solidariedade do partido com o povo do Saara Ocidental, especialmente numa altura em que “há alterações nas tomadas de posição” de Espanha, que manifestou “uma posição de convergência com as teses de Marrocos sobre o Saara Ocidental”.
“É particularmente importante que a solidariedade internacional se possa exprimir e que se faça junto dos governos dos nossos países, neste caso do Governo de Lisboa, toda a pressão para que o nosso Governo seja coerente, no caso do Saara Ocidental, com aquilo que é o seu discurso, que é positivo a favor da autodeterminação dos povos”, apelou.
Na opinião do dirigente bloquista, o Governo português tem “expressado a sua posição muito forte em matéria de defesa da autodeterminação do povo da Ucrânia”, uma postura com a qual o BE concorda e apoia.
“Mas, em coerência, deve tomar atitudes que favoreçam a autodeterminação do povo do Saara Ocidental e de outros povos do mundo que lutam pela sua autodeterminação”, desafiou, recordando a posição “muito corajosa” de Portugal em relação a Timor-Leste.
Pedindo uma posição “mais forte de Portugal” nesta matéria no contexto da União Europeia, Pureza referiu que o processo da realização do referendo sob os auspícios das Nações Unidas é um processo com décadas de expectativa e “sempre boicotado por Marrocos”.
“Agora que foi finalmente possível, coisa que não tinha sido durante muito tempo, nomear um novo representante do secretário-geral das Nações Unidas para o processo do Saara Ocidental, Portugal deve fazer tudo aquilo que esteja ao seu alcance para que o seu mandato culmine com a efetivação do referendo, que é o ato de autodeterminação que está ainda pendente graças aos obstáculos sempre levantados por Marrocos”, defendeu.
Em junho, o Governo de Espanha reiterou que a proposta de Marrocos é a melhor base para resolver o conflito no Saara Ocidental, mas sublinhou que a solução tem de ser reconhecida pelas Nações Unidas e aceite pelas duas partes.
O Saara Ocidental é uma antiga colónia espanhola ocupada por Marrocos há 47 anos, no contexto de um processo de descolonização.
Espanha defendeu durante muito tempo que o controlo de Marrocos sobre o Saara Ocidental era uma ocupação e que a realização de um referendo patrocinado pela ONU deveria ser a forma de decidir a descolonização do território.
Sánchez defendeu que a nova posição do Governo espanhol em relação ao Saara Ocidental está alinhada com a de outros países europeus, como França, Alemanha ou Países Baixos, e com a dos Estados Unidos.
Em meados de julho, o ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, convidou o enviado da ONU para o Saara Ocidental, Staffan de Mistura, para um encontro em Portugal para discutir o processo de “pacificação” naquela zona do Norte África.
“Aquilo que nós queremos sublinhar é o nosso apoio ao processo que as Nações Unidas estão a desenvolver e pensamos que ao fim destas décadas deve-se procurar chegar a um entendimento”, sublinhou então, adiantando então à Lusa que Staffan de Mistura visitaria “Portugal em breve”, provavelmente “a seguir às férias de verão”.
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