“Depois das demissões do diretor clínico e dos 87 profissionais do Centro Hospitalar de Setúbal e da falta de cerca de 53 médicos no Centro Hospitalar de Leiria, foram, nas últimas horas, conhecidas outras preocupantes situações que têm colocado em causa a capacidade de resposta de vários serviços em diversos hospitais do Serviço Nacional de Saúde”, pode ler-se no requerimento enviado pelo BE à comissão parlamentar de Saúde.

De acordo com Moisés Ferreira, o deputado bloquista que assina este pedido, entre estas está a falta de cerca de 100 médicos no Centro Hospitalar e Universitário do Algarve, a “situação preocupante” do Hospital Egas Moniz e o fecho temporário da urgência de obstetrícia do hospital de Beja devido à falta de médicos da especialidade de obstetrícia para o preenchimento da escala.

Em relação ao Centro Hospitalar de Setúbal, o BE já tinha pedido esta semana a audição urgente dos profissionais demissionários.

“Perante este cenário de escassez generalizada de norte a sul, e estando o país a entrar no Inverno, uma fase particularmente complexa para a população mais debilitada, estes hospitais e a população por eles servida, não podem continuar a depender apenas de anúncios de concursos que ficam vazios ou de pensos rápidos que o Governo anuncia em cima do joelho perante situações de rutura dos serviços, como é o caso dos 10 médicos para o Centro Hospitalar de Setúbal”, critica.

É por isso que os bloquistas entendem “ser da maior urgência” a audição de Marta Temido, bem como dos Conselhos de Administração do Centro Hospital de Setúbal, do Centro Hospitalar de Leiria, do Centro Hospitalar e Universitário do Algarve, do Centro Hospitalar Lisboa Ocidental, da Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo.

“No entender do Bloco de Esquerda esta é uma realidade que, embora lamentável, não surpreende. Esta escassez de profissionais que agora se começa a conhecer é, não só o reflexo da falta de compensações justas e condizentes com o esforço desta classe, mas também a inexistência de carreiras dignas e bem remuneradas que fixem estes clínicos no Serviço Nacional de Saúde”, refere.

A necessidade de mexer nas carreiras dos profissionais do Serviço Nacional de Saúde tem sido, aliás, uma das reivindicações do BE nas negociações para o Orçamento do Estado para 2022, tendo inclusivamente a líder do partido, Catarina Martins, confrontado o primeiro-ministro, António Costa sobre o tema no debate que se realizou na quinta-feira no parlamento.