Na reunião pública da câmara, o vereador do BE, Ricardo Moreira, em substituição da eleita Beatriz Gomes Dias, defendeu um plano municipal de ajuda aos cidadãos timorenses, tal como a cidade Lisboa fez com os refugiados do Afeganistão e da Ucrânia, afirmando que estas pessoas “não podem ficar na rua depois de terem sido enganadas pela máfia”.

O presidente do executivo municipal de Lisboa, Carlos Moedas (PSD), disse que a situação dos timorenses na cidade “é terrível” e “é um caso de polícia”, porque estas pessoas foram enganadas, e indicou que a câmara se disponibilizou logo em agosto, quando o assunto ainda não era notícia, para apoiar estes imigrantes, com o acolhimento de 25 no Centro de Acolhimento de Emergência (CAE).

O vice-presidente da câmara, Filipe Anacoreta Correia (CDS-PP), acrescentou que a situação está a ser acompanhada por uma comissão tripartida, que inclui o Alto Comissariado para as Migrações (ACM) e a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML), contabilizando o acolhimento de 125 cidadãos timorenses desde agosto até ao momento.

“Têm estado, constantemente, equipas técnicas de rua a acompanhar aqueles que não temos capacidade de acolher”, apontou Anacoreta Correia, referindo que a câmara está a trabalhar com o Governo e a SCML para “encontrar soluções mais estáveis”, adiantado que nalguns casos tem sido possível encontrar solução, inclusive trabalho.

O autarca do CDS-PP reforçou que “a dimensão do problema é grande”, pelo que “não é fácil” resolver a situação, mas reiterou que a Câmara de Lisboa tem estado na linha da frente do apoio a estes imigrantes de Timor-Leste, muitos dos quais “vieram trabalhar para outras zonas do país, mas eram aqui descarregados [em Lisboa] e eram colocados em situações verdadeiramente desumanas”.

A proposta do BE refere que “chegaram a Portugal cerca de três mil pessoas timorenses à procura de um trabalho digno para melhorar as suas vidas e dos seus familiares” e que Lisboa é apontada como o município que tem o maior número de cidadãos de Timor-Leste, lembrando o drama que estas pessoas estão a viver, em que muitas chegaram ao país com uma promessa de trabalho e expectativas de uma vida melhor e “foram abandonadas sem qualquer alternativa de alojamento, trabalho e condições de subsistência”.

Neste âmbito, o Projeto de Acolhimento de Emergência “ITA HOTU HAMUTUK - todos juntos”, pretende promover o bem-estar e a dignidade, com habitação, trabalho, saúde e educação, que possibilitem que todas as pessoas timorenses se consigam autonomizar e fixar em Lisboa, caso seja essa a sua vontade.

Desde março e até 11 de outubro, entraram em Portugal 4.721 timorenses e saíram 4.406. No mesmo período, regressaram a Portugal oriundos do Reino Unido 443 timorenses, considerados “inadmissíveis” por não disporem de documentos, nomeadamente visto, do qual não precisam para entrar em Portugal.

A falta de trabalho em Timor-Leste está a provocar um êxodo de trabalhadores jovens, com Portugal a tornar-se um dos principais destinos, com muitos a aproveitarem-se de condições de entrada mais fáceis do que outros países.

Esta procura está a levar ao aparecimento de agências e de anúncios a tentar enganar jovens timorenses, a quem são cobradas quantias avultadas com a promessa de trabalho ou vistos.

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