Benoît Hamon, ex-ministro da Educação, de 49 anos, representante da ala mais à esquerda do partido socialista francês será o candidato socialista às presidenciais de 23 de abril.

Hamon obteve 58,65% dos votos contra 41,35% de Valls, de acordo com os primeiros resultados provisórios.

Perto de dois milhões de pessoas participaram na segunda volta das primárias socialista, contra 1,6 milhões de eleitores, na primeira volta, e de quatro milhões de pessoas que participaram, em dezembro passado, nas primárias da direita.

"Estou convencido de que frente a uma direita de privilégios, conservadora, e de uma extrema-direita destruidora, o nosso país precisa de uma esquerda que pense o mundo como é e não como foi, uma esquerda capaz de encarnar um futuro desejável", declarou Hamon ao discursar para uma multidão de simpatizantes que repetia o seu nome, ainda antes de Valls terminar o seu discurso.

Na sua conta da rede social Twitter, o candidato socialista às presidenciais francesas agradeceu a todos e acrescentou que "contínua a bater o coração valente da França".

Momentos antes, Manuel Valls já reconhecera a derrota. Na Casa da América Latina, em Paris, assegurou que "Benoît Hamon é a partir de agora o candidato da nossa família política e agora cabe-lhe a ele a bonita missão de reunir [o partido]", desejando-lhe boa sorte. Na sua conta da rede social Twitter partilhou que foi "uma honra" servir o seu país durante 5 anos. O ex-primeiro-ministro francês não deu pistas sobre o seu futuro, mas indicou que “as derrotas fazem parte da política e da democracia”.

A vitória de Hamon foi avançada pela AFP, agência de notícias francesa, e confirmada por fontes do partido socialista francês, antes do anúncio oficial dos resultados por Thomas Clay, presidente da Alta Autoridade das Primárias.

O antigo primeiro-ministro Manuel Valls obteve 31,48% dos votos na primeira volta da esquerda francesa, no passado domingo, a pouco menos do que cinco pontos percentuais de Benoît Hamon (que venceu, com 36,03%).

Hamon, a quem os socialistas chamam de "pequeno Ben", esgotou as salas nos seus comícios com um público jovem, favorável à globalização, que procura "outra política" ou de um "verdadeiro socialismo".

Benoît Hamon entrou no partido socialista em 1987. Seis anos depois, foi presidente do Movimento de Jovens socialistas e em 2008 tornou-se em porta-voz do partido.

Hamon representa a ala mais à esquerda do Partido Socialista francês e a fação mais crítica do atual Presidente, François Hollande, do qual Manuel Valls foi ministro do Interior e, depois, chefe do executivo.

Benoit Hamon, de 49 anos, que fez parte do governo francês até agosto de 2014, terá a difícil tarefa de dar a volta às sondagens sobre as intenções de voto nas presidenciais, que lhe são desfavoráveis.

O candidato socialista parte em quinto lugar nas intenções de voto. Antes, em quarto, surge o radical de esquerda Jean-Luc Mélenchon, em terceiro o ex-ministro da Economia Emmanuel Macron e, em segundo, o conservador François Fillon.

A líder da Frente Nacional (FN, extrema-direita), Marine Le Pen, surge em primeiro lugar nas sondagens.

A primeira volta das eleições presidenciais francesas realiza-se a 23 de abril próximo. Caso seja necessária uma segunda volta, este escrutínio realiza-se em maio.

[Notícia atualizada às 23h44]