Quando a vitória já parecia impossível após os triunfos de Joe Biden nas últimas primárias antes da pandemia provocada pelo novo coronavírus, aos 78 anos, o senador de Vermont deitou a toalha ao chão. E o ex-vice-presidente de Barack Obama garantiu assim sua posição para concorrer com o presidente Donald Trump nas eleições de 3 de novembro.

Há apenas algumas semanas, tudo parecia fluir positivamente para o senador que se define como um "socialista democrático", que critica as desigualdades e defende o aumento dos impostos sobre a riqueza. A ala mais moderada dos democratas iniciou as primárias dividida entre vários candidatos, enquanto Sanders reunia multidões apaixonadas e contava com as contribuições de muitos pequenos doadores.

O político veterano saiu das três primeiras eleições em Iowa, New Hampshire e Nevada como o principal favorito. A sua influência ficou evidente após denunciar, em 2016, a "corrupção" do capitalismo que favorece os milionários de Wall Street sobre os trabalhadores e o sistema de saúde que desampara milhões de pessoas.

Em 2020 , quase todos os democratas abordaram estas questões nas suas campanhas. Mas Sanders, famoso pelo seu temperamento difícil, já tinha cativado os jovens com o seu discurso em defesa dos trabalhadores, em 2016.

Quatro anos depois, os apoiantes do senador de Vermont, um estado de maioria branca, aumentaram e passaram a incluir minorias, fundamentais no eleitorado democrata.

No início de 2020, depois de se recuperar de um ataque cardíaco em outubro, retomou a campanha com força, mas não foi o suficiente.

Na véspera da Super Tuesday  (super terça), que ocorreu a  3 de março, dois candidatos da ala moderada, Pete Buttigieg e Amy Klobuchar, abandonaram a corrida e apoiaram Biden, acabando por criar uma frente contrária a Sanders.

Pouco tempo depois,  o bilionário Michael Bloomberg fez o mesmo. Rapidamente, Sanders viu os  seus adversários unirem-se contra ele, na disputa contra o antigo vice-presidente de Barack Obama.  Assim, após um ano de duras campanhas, quase suspensas pela pandemia, a pressão para que Sanders desistisse tornou-se cada vez maior. E foi o que aconteceu nesta quarta-feira: Bernie Sanders renunciou a sua candidatura, algo que foi difícil para o político que defende ideias impopulares no seu país há décadas.

 "Ninguém o quer"

Bernard Sanders nasceu a 8 de setembro de 1941 em Brooklyn, Nova York, numa família de imigrantes judeus polacos devastada pelo Holocausto. Como estudante da Universidade de Chicago, lutou pelos direitos civis e contra a Guerra do Vietname.

Depois de se formar e viver numa kibutz - uma comunidade agrícola israelita -  Sanders instalou-se no estado de Vermont no final da década de 1960, onde trabalhou como carpinteiro e produtor.

A sua carreira política começou em 1981, quando foi eleito mayor de Burlington, a principal cidade do estado, com 42.000 habitantes. Foi reeleito três vezes e, em 1990, entrou para a Câmara dos Representantes em Washington como independente. Permaneceu lá até 2006, quando concorreu ao Senado, onde atua desde então.

Apesar de saber difundir as suas ideias, Sanders nunca conseguiu  livrar -se da imagem de um homem difícil. "Ninguém o quer, ninguém quer trabalhar com ele", disse sua ex-adversária Hillary Clinton num recente documentário.

No entanto, todos reconhecem que ele criou um verdadeiro "movimento". Resta saber se será ele quem o continuará a dirigir. Muitos já sugerem o nome da sua sucessora: Alexandria Ocasio-Cortez.

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