“É incompreensível para toda a gente que [a realização da perícia] não seja aceite. Será que os tribunais têm medo do resultado da perícia? Provavelmente, só pode ser isso, não há nenhum motivo para não ser aceite”, disse Francisco Proença de Carvalho, advogado de Ricardo Salgado, à entrada do tribunal onde hoje será anunciado se os arguidos vão ou não a julgamento.
Em declarações aos jornalistas, o advogado afirmou que “uma coisa que está provada” é que Ricardo Salgado sofre de Alzheimer.
“Aquilo que nos preocupa e que nos custa como advogados é sentirmos, por parte dos tribunais, até este momento, por um lado, uma grande ignorância em relação ao que são os efeitos desta doença na vida das pessoas, das suas famílias e na sua capacidade e, por outro, choca-nos também que a lei não seja aplicada naquilo que são as suas diferentes vertentes”, disse Francisco Proença de Carvalho.
O advogado afirmou ainda que há leis que preveem consequências para estas situações, nomeadamente a Constituição da República Portuguesa e a Convenção Europeia dos Direitos Humanos.
Afirmando que a defesa é sensível “à situação daqueles que ficaram, infelizmente, lesados com a situação do Banco Espírito Santo” (BES), o advogado sublinhou que Ricardo Salgado, “enquanto se pôde defender, procurou sempre dar explicações para que se demonstrasse com factos e com objetividade” o percurso que levou ao que aconteceu no BES.
“Acho que muitos dos lesados entendem perfeitamente que os poderes públicos agiram muito mal no que respeita ao Banco Espírito Santo. Nove anos depois, acho que todos com alguma objetividade e com algum distanciamento, conseguimos perceber também o que é que se passou e infelizmente, os tribunais portugueses tendem a centralizar numa só pessoa, num conjunto de pessoas, a responsabilidade por tudo”, lamentou.
O juiz Pedro Santos Correia decide hoje se os 25 arguidos no processo BES/GES vão a julgamento.
Considerado um dos maiores processos da história da justiça portuguesa, este caso agrega no processo principal 242 inquéritos, que foram sendo apensados, e queixas de mais de 300 pessoas, singulares e coletivas, residentes em Portugal e no estrangeiro.
Segundo o MP, cuja acusação contabilizou cerca de quatro mil páginas, a derrocada do Grupo Espírito Santo (GES), em 2014, terá causado prejuízos superiores a 11,8 mil milhões de euros.
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