“Era absolutamente necessário fazer uma intervenção de fundo para garantir a conservação da biblioteca, que tem uma coleção riquíssima à sua guarda”, afirmou hoje à agência Lusa a responsável da BPE, Zélia Parreira.
A empreitada está dividida em duas fases, para minimizar o impacto no funcionamento da biblioteca e por questões financeiras, estando o início dos trabalhos da primeira fase previsto para a próxima semana, com a colocação de andaimes no edifício.
A diretora da BPE indicou que as obras surgem depois de ter sido feito, em 2014, um estudo de diagnóstico estrutural do edifício, que definiu quais os trabalhos necessários, e elaborado o projeto de arquitetura.
“Esta primeira fase corresponde à renovação das coberturas, das paredes exteriores, que estão em péssimo estado, e à substituição das caixilharias de todos os vãos, portas e janelas, que estão completamente podres”, precisou.
Segundo a responsável, a primeira fase da empreitada, cujo auto de consignação já foi assinado, vai prolongar-se até dezembro e envolver um investimento de 313 mil euros, sendo financiada pelo Fundo de Reabilitação e Conservação Patrimonial.
O início da segunda fase da obra, referiu, “depende ainda de questões orçamentais”, mas deverá avançar em 2019, com um investimento entre “400 mil e 500 mil euros”, suportado pelo “Orçamento Geral do Estado”.
“Será, então, a obra de remodelação do interior, que inclui a renovação das casas de banho, redes de esgotos, água, rede elétrica e informática e também a desinfestação total do mobiliário e pavimento”, realçou.
“Embora quem olhe para o edifício da biblioteca fique muito chocado pelo seu aspeto exterior, que está muito descuidado, a obra de maior porte será no seu interior e será essa segunda fase”, acrescentou.
Zélia Parreira considerou que a BPE “esteve durante muito tempo entregue a si própria” e que “as obras eram necessárias há muito tempo”, notando que o investimento feito em 2005 na biblioteca serviu para “lavar a cara”.
Criada há mais de 200 anos por Frei Manuel do Cenáculo, a Biblioteca Pública de Évora, tutelada pela Biblioteca Nacional de Portugal (BNP), é beneficiária do Depósito Legal desde 1931.
O espólio da BPE, com espécies raras e únicas no mundo, inclui 664 incunábulos e 6.445 livros impressos do século XVI, além de vários núcleos de documentos manuscritos, de cartografia, música impressa e centenas de títulos de publicações periódicas.
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