“Os Estados Unidos estarão sempre convosco”, garantiu Biden, que também pediu desculpas publicamente, pela primeira vez, pelo atraso de meses no apoio militar, o que permitiu à Rússia obter ganhos no terreno.
Em declarações na capital francesa, onde os dois chefes de Estado se encontram para assinalar o 80.º aniversário do desembarque na Normandia (o Dia D), Biden dirigiu um pedido de desculpas ao povo ucraniano pelas semanas sem decisão sobre um apoio norte-americano, numa referência ao impasse no Congresso dos Estados Unidos que durante várias semanas não avançou com a aprovação de um pacote de cerca de 61 mil milhões de dólares (mais de 50 mil milhões de euros) em assistência militar e económica à Ucrânia.
Joe Biden, que será o candidato democrata nas futuras presidenciais nos Estados Unidos, sublinhou que o povo norte-americano apoia a Ucrânia a longo prazo.
Os Estados Unidos são o principal apoiante militar da Ucrânia, que enfrenta uma nova e intensa ofensiva russa desde há um mês nas zonas orientais do país.
O Presidente ucraniano agradeceu, por sua vez, a Biden o “enorme apoio” dos Estados Unidos, acrescentando: “Contamos com o vosso apoio”.
A ofensiva militar russa em grande escala na Ucrânia, iniciada em fevereiro de 2022, está atualmente concentrada nas regiões fronteiriças ucranianas de Kharkiv e Donetsk, mas as autoridades ucranianas afirmam que pode alastrar à medida que o exército russo, de maiores dimensões, procura fazer valer a sua vantagem.
A nova vaga de ataques russos procura explorar a escassez de munições e de tropas ucranianas ao longo dos cerca de 1.000 quilómetros da linha da frente.
O ritmo lento da entrega do apoio militar prometido há muito pelos aliados ocidentais tem sido um motivo de frustração para Zelensky, tal como a hesitação de Biden em fornecer mais equipamento por receio de provocar o Presidente russo, Vladimir Putin, o que, como escreve a agência norte-americana AP, tem provocado tensões nas relações entre Kiev e Washington.
A nova ajuda de 225 milhões de dólares inclui, segundo indicaram as autoridades norte-americanas, munições para o Sistema de Foguetes de Artilharia de Alta Mobilidade (HIMAR, na sigla em inglês), sistemas de morteiros e uma série de munições de artilharia.
Alguns aliados da NATO, incluindo os Estados Unidos, admitiram, na semana passada, a utilização por parte da Ucrânia do armamento ocidental fornecido em ataques limitados em solo russo.
Uma posição criticada pelo Kremlin (presidência), que advertiu que o maior conflito na Europa desde a Segunda Guerra Mundial poderia ficar fora de controlo.
Biden e Zelensky participaram na quinta-feira nas cerimónias do 80.º aniversário do Dia D na Normandia, norte de França, juntamente com outros líderes europeus que apoiam os esforços de Kiev na guerra.
Numa intervenção durante as cerimónias, Biden prometeu que não haverá afastamento da Ucrânia, traçando um paralelismo entre a luta para libertar a Europa do domínio nazi e a atual guerra contra a agressão russa.
A Ucrânia caracteriza a sua luta contra a Rússia como um confronto entre a liberdade democrática ocidental e a tirania russa, enquanto a Rússia garante que se está a defender de uma ameaçadora expansão da aliança militar da NATO para leste.
Num discurso hoje proferido na Assembleia Nacional (câmara baixa do parlamento francês), Zelensky comparou os sacrifícios feitos durante a Segunda Guerra Mundial e a atual luta do seu país.
“Estamos a viver numa época em que a Europa já não é um continente de paz”, disse o líder ucraniano aos deputados da Assembleia Nacional, durante a intervenção que durou cerca de 20 minutos.
“Esta batalha está numa encruzilhada, é o momento em que podemos todos juntos escrever a História a que aspiramos, ou então podemos tornar-nos vítimas da História, como o nosso inimigo – e sublinho o nosso inimigo comum – quer que sejamos”, acrescentou.
O Presidente francês, Emmanuel Macron, por sua vez, anunciou na quinta-feira que França irá fornecer à Ucrânia os seus aviões de combate Mirage.
Nesta quarta viagem a Paris desde o início da guerra, Zelensky iniciou hoje o dia com uma cerimónia oficial de boas-vindas no monumento Invalides, onde se encontra o túmulo de Napoleão.
A agenda do líder ucraniano inclui ainda uma visita ao fabricante de armas Nexter, em Versalhes, que produz os obuses autopropulsores Caesar, que estão entre as armas fornecidas por Paris às forças de Kiev, e um encontro com Macron, no Palácio do Eliseu.
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