“Parece que os nossos vizinhos do Ocidente, sobretudo a Polónia […], estão prontos para desencadear um conflito para o qual gostariam de atrair a Europa. As Forças Armadas da Bielorrússia estão prontas para ripostar severamente a qualquer ataque”, avisou o ministro da Defesa bielorrusso, Viktor Khrenin.
Vários milhares de migrantes, com a intenção de entrar no espaço da União Europeia (UE), estão bloqueados há vários dias junto à fronteira da Bielorrússia com a Polónia.
Face ao afluxo de pessoas à sua fronteira, a Polónia, Estado membro da UE e do espaço Schengen, destacou cerca de 15.000 militares e ergueu uma cerca de arame farpado junto à fronteira.
Nesse contexto, Bruxelas, que acusa Minsk de orquestrar o fluxo migratório como retaliação às sanções ocidentais impostas ao regime do Presidente Alexander Lukashenko, tem ameaçado com novas medidas punitivas, o que poderá acontecer na próxima semana.
“A linguagem de ultimatos, de ameaças e de chantagens é inaceitável. As tentativas para nos intimidar forçam-nos a reagir de forma adequada à situação”, afirmou hoje o ministro da Defesa bielorrusso, alertando que a Bielorrússia poderá contar, para tal, com o apoio do principal aliado estratégico, a Rússia.
A Rússia, aliás, começou hoje manobras militares conjuntas com a Bielorrússia junto à fronteira bielorrussa com a Polónia
Quinta-feira, Lukashenko admitiu ter pedido ao homólogo russo, Vladimir Putin, ajuda para vigiar a fronteira com a UE, para onde Moscovo enviou bombardeiros estratégicos com capacidade nuclear.
“[Moscovo] enviou bombardeiros estratégicos escoltados pelos nossos caças. Temos de monitorizar continuamente a situação na fronteira”, sustentou Lukashenko, salientando que os aparelhos irão sobrevoar as fronteiras com a Polónia, com os países bálticos, com todos os Estados membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) e ainda com a Ucrânia.
Moscovo, que estendeu esta semana a presença de militares russos em território bielorrusso por mais 25 anos, apoia Minsk na crise migratória com a Polónia, que conta, por sua vez, com a ajuda europeia.
Lukashenko também ordenou ao Ministério da Defesa bielorrusso e à guarda de fronteira que garantam “o controlo sobre o movimento das tropas da NATO e polacas”.
“Vê-se que já são 15 mil militares, tanques, veículos blindados, helicópteros que voam ao lado de aviões. Foram enviados para a fronteira e, mais ainda, sem avisar ninguém, embora sejam obrigados a fazê-lo”, acusou na quinta-feira.
Diante das iminentes sanções europeias, o Presidente bielorrusso ameaçou Bruxelas com o encerramento do gasoduto do gás russo destinado à Europa que passa pelo país e com o bloqueio ao trânsito comercial.
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