O centro de Viasna referiu, através das suas páginas nas redes sociais, que Bialiatski e os seus colaboradores Valentin Stefanovich e Vladimir Labkovich, detidos desde julho de 2021, compareceram hoje pela primeira vez em tribunal.
Bialiatski, de 60 anos, e os seus companheiros foram presos após os protestos em massa contra o regime em 2020, contestando a autoproclamada vitória presidencial de Alexander Lukashenko, no poder desde 1994.
O movimento levou dezenas de milhares de pessoas às ruas de Minsk e de outras cidades da Bielorrússia durante semanas, antes de ser gradualmente reprimido com detenções em massa, exílio forçado e prisão de opositores, jornalistas e membros de Organizações não Governamentais (ONG) de defesa dos dirietos humanos.
Ales Bialiatski, enquanto diretor do Viasca [que significa primavera], foi vencedor do Prémio Nobel da Paz 2022, juntamente com as organizações de defesa dos direitos humanos Memorial, da Rússia, e o Centro de Liberdades Civis, da Ucrânia.
Oriundos dos três principais países envolvidos no conflito na Ucrânia, os vencedores foram destacados pelo seu compromisso com os “direitos humanos, a democracia e a coexistência pacífica” face às forças autoritárias.
Bialiatski, Stefanovich e Labkovich foram inicialmente acusados de evasão fiscal.
“Enfrentam 7 a 12 anos de prisão”, segundo uma informação avançada em novembro passado pelo Viasna, acrescentando que foram acusados de terem passado pela fronteira bielorrussa “uma grande quantidade de dinheiro num grupo organizado” e de terem “financiado ações coletivas que prejudicavam seriamente a ordem pública”.
Um quarto acusado, Dmitry Soloviev, está a ser julgado à revelia depois de ter fugido para a Polónia.
O início do julgamento histórico destes defensores dos direitos humanos será seguido pelos julgamentos de vários jornalistas independentes, com início já na próxima segunda-feira, que enfrentam uma série de acusações, incluindo evasão fiscal e incitamento ao ódio.
Para 17 de janeiro está marcado o julgamento de Svetlana Tikhanovskaya, figura destacada da oposição bielorrussa que vive no exílio.
Tikhanovskaya, de 40 anos, enfrenta acusações como alta traição, conspiração para tomar o poder inconstitucionalmente e criação e liderança de uma organização extremista.
Distinguida em 2020 com o Prémio Sakharov para a Liberdade de Pensamento, atribuído pelo Parlamento Europeu, líderou a oposição ao Presidente Alexander Lukashenko como candidata à presidência no lugar do marido, Sergei Tikhanovsky, um carismático ‘youtuber’ detido, e reivindicou a vitória nas eleições presidenciais de 2020, vivendo agora no exílio na Lituânia.
Sergei Tikhanovsky foi condenado em dezembro de 2021 a 18 anos de prisão por “organizar distúrbios em massa”, “incitar ao ódio na sociedade”, “perturbar a ordem pública” e “obstruir a Comissão Eleitoral”.
A Bielorrússia tinha 1.448 presos políticos até 31 de dezembro, de acordo com Viasna.
O Ocidente adotou vários pacotes de sanções contra o regime de Minsk, principal apoiante de Moscovo, tendo a Bielorrússia servido inclusive de base para as tropas russas na sua ofensiva contra a Ucrânia, iniciada em fevereiro de 2022.
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