Segundo a organização de defesa dos direitos humanos Viasna, também alvo das autoridades, pelo menos 47 Organizações não governamentais (ONG) serão abrangidas, depois de algumas terem sido revistadas pela polícia nas últimas semanas.

Entre estas organizações inclui-se o gabinete bielorrusso da PEN, uma associação de defesa dos escritores, que denunciou recentemente detenções e rusgas dirigidas a diversos ‘media’ ou a uma reputada escola de comércio de Minsk.

Organizações de defesa dos direitos humanos, de ensino de línguas, de ajuda a deficientes ou de ajuda ao emprego para jovens, e ainda associações de caridade, também estão em vias de serem encerradas, segundo o portal jurídico do Governo, no qual é possível consultar o estatuto destas organizações.

Estas medidas seguem-se às críticas do Presidente Alexandre Lukashenko, que durante uma reunião governamental na quinta-feira comparou os membros das ONG a “bandidos” e “agentes do estrangeiro” que atuam “em detrimento do Estado”.

“A limpeza está em curso”, anunciou.

No início de julho, durante um encontro na Rússia com o seu homólogo Vladimir Putin, o chefe de Estado bielorrusso tinha já apelado à “comparência perante a justiça” das “sórdidas ONG” que fomentam “o terror”.

Há meses que o regime de Lukashenko procede à detenção de opositores, jornalistas e militantes para tentar suprimir em definitivo a histórica contestação na sequência da sua reeleição a um quinto mandato em agosto de 2020, que a oposição denunciou de fraudulenta.

Em julho, uma série de rusgas e detenções foram dirigidas a diversos ‘media’ e à oposição, enquanto 11 estudantes e um professor foram condenados a pesadas penas de prisão por se terem manifestado contra o poder.

O movimento de contestação de 2020, que durante meses juntou dezenas de milhares de manifestantes, acabou por se diluir na sequência de detenções em massa, espancamentos e o exílio de diversos dos seus dirigentes.