Em entrevista à Lusa, o missionário dehoniano português, bispo em Madagáscar há 19 anos, fez um balanço positivo da recente viagem do Papa Francisco a Moçambique, Madagáscar e Maurícias.
"Um dos aspetos que nos apercebemos nesta viagem do Papa Francisco à África foi a sua preocupação em repetir que os africanos têm possibilidades de terem um futuro melhor se souberem aproveitar os valores culturais e a sua fé", disse o bispo.
Na viagem, o líder da igreja católica convidou os jovens "a não se deixarem levar pelas novas extravagâncias que a sociedade hoje lhes propõe e a seguirem a verdade que Jesus lhes oferece no evangelho", , recordou o responsável pela diocese de Mananjari.
Em Madagáscar, o Papa deu "boas orientações" para o trabalho "contra a corrupção, nos diversos modos em que ela se apresenta, fazendo respeitar os direitos do povo" e deixou um recado "sobretudo à Igreja Católica, para que esteja mais próxima do povo, nas suas ações concretas: ensino, saúde e desenvolvimento integral, sem criar somente carapaças, dizendo que está com os pobres".
Na opinião do bispo, o "país sofre de uma epidemia que não lhe dá a possibilidade de avançar: a corrupção. Uma corrupção que está em todos os setores da sociedade". E em relação à qual todos devem "estar atentos" para não se "deixarem levar".
No país, ainda há "outra insegurança: a alimentar", acrescentou. Porque o arroz que o país produz não chega para o consumo e os espaços de cultivo de arroz não aumentam.
Voltando à visita papal, considerou que esta "deu um novo rumo à vida de igreja em Madagáscar e, sem dúvida, veio ajudar a uma nova consciência social em todas as camadas sociais, mesmo nos não crentes".
"A viagem do Papa Francisco correu bastante bem, e povo foi convidado pelo Papa Francisco a ir para a frente com coragem e esperança neste país maravilhoso com mil possibilidades naturais e culturais, mesmo que a vida atualmente em Madagáscar esteja numa situação de grande pobreza", referiu.
O Papa, no seu entender, "deixou várias promessas nos propósitos que expôs nas suas intervenções", em especial, referindo-se à "atenção que o Estado tem de ter com o cidadão".
A visita a um país onde os católicos estão longe de ser uma maioria foi saudada por todos os credos, mas, após a saída de Francisco do país, o bispo português admitiu alguma mudança de atitude.
"Em público não houve reações negativas ou disputas sobre a visita do Papa Francisco, mas com isto não quer dizer que em certos meios protestantes não tenha havido certas reações de inveja por a Igreja Católica estar a ser favorecida na ajuda da presidência, sobretudo na preparação dos locais de receção do Papa", afirmou.
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