A coordenadora do BE, Catarina Martins, esteve hoje de manhã, junto ao Campo Pequeno, em Lisboa, local escolhido para a afixação do primeiro ‘outdoor’ da campanha pública lançada pelos bloquistas contra o assédio.
“Sem prejuízo de avanços legislativos que continuam a ser necessários e em que o BE está empenhado, nós propomos que façamos uma grande campanha para mudar culturalmente o nosso país, uma grande campanha de informação, de prevenção porque não podemos continuar a ser o país em que se criam agressores”, explicou aos jornalistas.
Catarina Martins quer “quebrar a violência contra as mulheres e quebrar a desigualdade e a discriminação”, o que considera ser “também uma luta cultural”.
“É por isso que fazemos uma campanha contra o assédio. O assédio é uma forma de intimidação. Muitas vezes diz-se que as mulheres devem aturar o assédio porque é sedução. Não é, é violência, é intimidação. Isso tem que parar”, alertou.
A coordenadora do BE detalhou que esta campanha nacional sobre o assédio será feita “na rua, em sessões nas escolas, em debates, nas autarquias e em todos locais”.
“O grande compromisso que o Bloco de Esquerda tem neste 08 de março é fazer todo o trabalho para que não continuemos neste país a produzir agressores e vítimas. A igualdade é uma questão de direitos humanos”, assumiu.
Os estudos europeus mostram, continuou Catarina Martins, que “em Portugal os números do assédio são muito elevados, mais elevados do que a média europeia até”.
“E mostram-nos outra realidade preocupante: a lei não é ativada, ou seja, nós temos mecanismos legais contra o assédio, mas as queixas são muito poucas”, avisou.
Para a líder bloquista, “os contratos a prazo e a precariedade laboral são a primeira forma de fazer desigualdade salarial e assédio laboral sobre as mulheres”.
Catarina Martins fez questão de deixar números claros: em Portugal as mulheres ganham menos 16% do que os homens, todos os dias trabalham mais 01:45 em tarefas domésticas, 80% das vítimas de violência doméstica são mulheres e 90% das vítimas de violência sexual são mulheres.
“A cada mês que passa no nosso país duas mulheres são assassinadas ou são vítimas de tentativa de homicídio pelos seus companheiros ou ex-companheiros. Avançamos muito na legislação em Portugal, mas é preciso muito mais e o dia 08 de março é sobre isso”, concretizou.
Para a coordenadora do BE “tantas vezes a cultura instalada faz com que a lei não tenha a eficácia que deve ter”.
“Seja porque as vítimas não se conseguem fazer ouvir seja porque as forças de segurança e as magistraturas não estão preparadas para agir seja por tudo aquilo que é a cultura patriarcal, machista que vivemos todos os dias no nosso país”, detalhou.
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