Até agora, os passageiros com origem na Madeira e Açores estavam isentos de cumprir a quarentena de 10 dias exigida à maioria dos viajantes que chegam do estrangeiro, mas a partir das 04:00 de sexta-feira deixam de estar na lista de destinos seguros.
“Os corredores de viagens com o Chile, Madeira e Açores serão encerrados. Qualquer pessoa que chegue desses países a partir das 04:00 de sexta-feira será legalmente obrigada a ficar em isolamento durante dez dias”, adiantou o Ministério dos Transportes britânico num comunicado.
Com menos de 12 horas de aviso, o Governo britânico anunciou hoje a “decisão urgente” de proibir viagens para o Reino Unido de vários países da América do Sul, de Portugal e de Cabo Verde, para evitar a propagação de uma nova estirpe do SARS-CoV-2, o vírus que causa a covid-19.
A partir das 04:00 de sexta-feira, os passageiros que estiveram ou transitaram pela Argentina, Brasil, Bolívia, Chile, Cabo Verde, Colômbia, Equador, Guiana Francesa, Guiana, Paraguai, Panamá, Portugal (incluindo Madeira e Açores), Peru, Suriname, Uruguai e Venezuela nos últimos 10 dias não serão autorizados a entrar no Reino Unido.
Cidadãos britânicos e irlandeses ou nacionais de países terceiros com direito de residência no Reino Unido, tal como emigrantes portugueses a viver no país, poderão entrar, mas serão obrigados ficar em quarentena durante 10 dias.
O Governo britânico vai também suspender as ligações aéreas com países daquela lista com voos diretos para Inglaterra, nomeadamente a Argentina, Brasil, Cabo Verde e Portugal, incluindo Madeira e Açores.
“A decisão de proibir viagens destes destinos é tomada na sequência da descoberta de uma nova estirpe do coronavírus identificada pela primeira vez no Brasil, que pode ter-se espalhado para países com fortes ligações de viagens ao Brasil”, justificou o Ministério dos Transportes.
Os camionistas que viajem a partir de Portugal estão isentos deste bloqueio para permitir a circulação de bens essenciais.
A decisão foi tomada numa reunião do comité ministerial Covid-O esta manhã, com base em informação do Grupo Consultivo de Ameaças de Vírus Respiratórios Novos e Emergentes (Nervtag) sobre novos vírus, formado por cientistas que aconselham o Governo sobre a pandemia covid-19, adiantou o jornal The Guardian.
A Escócia já anunciou medidas semelhantes, devendo as restantes regiões (País de Gales e Irlanda do Norte) fazer o mesmo.
Os voos diretos entre o Brasil e o Reino Unido já haviam sido proibidos no mês passado, quando o governo brasileiro tentou impedir que a estirpe britânica do vírus, altamente transmissível, chegasse ao país.
Portugal manteve os voos, mas só para nacionais portugueses e britânicos com residência no país que apresentassem um resultado negativo num teste feito até 72 horas antes do embarque.
O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, tinha revelado na quarta-feira estar preocupado com uma nova estirpe originária do Brasil do SARS-CoV-2, o vírus que causa a covid-19, e indicou estar a preparar medidas para impedir a sua entrada no Reino Unido.
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o maior centro de investigação médica da América Latina, confirmou na terça-feira a identificação e circulação de uma nova estirpe do novo coronavírus originária do estado brasileiro do Amazonas.
Esta semana, o Ministério da Saúde do Brasil já tinha confirmado que o Japão identificou em quatro viajantes provenientes do Brasil a nova estirpe, que possui doze mutações, incluindo a mesma encontrada em variantes já identificadas no Reino Unido e África do Sul, o que implica um maior potencial de transmissão do vírus.
O Daily Telegraph noticiou hoje que a estirpe da Covid brasileira pode infetar pessoas que recuperaram do vírus, depois de cientistas terem descoberto que a nova estirpe brasileira sofreu mutações que a tornam mais infecciosa e tem alterações que a ajudam a escapar às defesas do sistema imunológico.
Um estudo publicado no ano passado sugeriu que 76% das pessoas em Manaus contraíram o coronavírus em outubro, o que deveria ter produzido imunidade de grupo, mas a cidade registou um aumento inesperado de novos casos no mês passado e agora declarou estado de emergência, com hospitais a atingir 100% da capacidade.
O Telegraph cita um novo estudo internacional que inclui cientistas do Imperial College e da Universidade de Edimburgo, que descobriu que 41% dos casos atuais em Manaus são causados pela nova estirpe.
O Reino Unido já tinha proibido voos diretos da África do Sul e a entrada de passageiros que tenham estado no país africano nos 10 dias anteriores devido ao risco apresentado por uma nova estirpe do SARS-CoV-2 identificada pelos cientistas sul-africanos, também considerada altamente infecciosa.
Na semana passada, estas restrições foram alargadas a vários países africanos, como Angola e Moçambique, por terem ligações com a África do Sul.
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