“Primeiramente, o senhor Macron deve retirar os insultos que ele fez à minha pessoa. Ele me chamou de mentiroso. E depois (..) de que a nossa soberania está em aberto na Amazónia”, declarou o presidente, no Palácio da Alvorada, em Brasília.

“Para conversar, ou aceitar qualquer coisa da França, [mesmo] que tenha as melhores intenções do mundo, ele [Macron] vai ter que retirar estas palavras e, daí, a gente pode conversar (…) Primeiro ele retira, depois ele oferece, daí eu respondo”, acrescentou o Presidente brasileiro.

Os desentendimentos entre os Governos dos dois países têm-se acentuado nas últimas semanas quando o ministro dos Negócios Estrangeiros da França esteve no Brasil e Bolsonaro recusou recebê-lo, alegando que tinha compromissos, mas apareceu pouco depois da hora marcada a cortar o cabelo numa transmissão no Facebook.

Os incêndios da maior floresta tropical do mundo reacenderam uma troca de palavras entre Bolsonaro e Macron.

Na semana passada, o Governo francês disse que Bolsonaro havia mentido quando garantiu, na reunião do G20 – que juntou líderes das 20 maiores economias do mundo no Japão – o compromisso em preservar o meio ambiente.

O chefe de Estado francês anunciou e levou o debate das queimadas na floresta Amazónica para discussão no G7, durante o fim de semana, que contou com os líderes da Alemanha, Canadá, Estados Unidos da América, França, Itália, Japão e Reino Unido.

Em declarações públicas, o chefe de Estado da França já havia colocado em causa a assinatura do tratado de livre-comércio entre União Europeia e o Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai), assinado em 28 de junho, após 20 anos de negociações.

A crise diplomática continuou e Macron disse, na última segunda-feira, que esperava que o Brasil volte a ter “um Presidente à altura”.

O dirigente francês também anunciou que o G7 fornecerá uma ajuda imediata de 20 milhões de dólares (17,95 milhões de euros) para combater os incêndios na Amazónia.

Porém, o ministro brasileiro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, disse que o Brasil recusaria a oferta porque acreditava que Macron poderá ter “objetivos colonialistas” na ajuda atribuída pelo G7.

“O Brasil é uma nação democrática, livre e nunca teve práticas colonialistas e imperialistas, como talvez seja o objetivo do francês Macron”, afirmou o ministro brasileiro.

O número de incêndios no Brasil aumentou 83% este ano, em comparação com o período homólogo de 2018, com 72.953 focos registados até 19 de agosto, sendo a Amazónia a região mais afetada.

A Amazónia é a maior floresta tropical do mundo e possui a maior biodiversidade registada numa área do planeta.

Tem cerca de 5,5 milhões de quilómetros quadrados e inclui territórios do Brasil, Peru, Colômbia, Venezuela, Equador, Bolívia, Guiana, Suriname e Guiana Francesa (pertencente à França).

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) brasileiro anunciou que a desflorestação da Amazónia aumentou 278% em julho, em relação ao mesmo mês de 2018.