"Estamos aqui num momento de pesar, de profundo respeito pela família da rainha e pelo povo do Reino Unido", disse Bolsonaro na varanda da residência do embaixador do Brasil, de acordo com vídeos divulgados nas redes sociais.

O presidente de extrema-direita, candidato à reeleição em outubro, foi recebido por dezenas de brasileiros à porta da representação diplomática.

Para Bolsonaro, a manifestação na embaixada "representa o que realmente acontece no Brasil", que tem de decidir o seu "futuro" nas eleições de outubro, que segundo as sondagens têm como favorito o ex-presidente de esquerda Luiz Inácio Lula da Silva.

"Sabemos quem está do outro lado e o que eles querem implantar no nosso Brasil", disse o presidente. "Somos um país que não quer discutir liberalização de drogas, que não quer discutir legalizar o aborto, um país que também não aceita a ideologia de género".

"O nosso lema é Deus, pátria, família e liberdade. E este é o sentimento da grande maioria do povo brasileiro", afirmou ao grupo de simpatizantes.

Bolsonaro é um dos poucos governantes da América Latina e Caraíbas que confirmou presença no funeral de Isabel II, que faleceu em 8 de setembro depois de sete décadas de reinado.

Pouco depois de desembarcar em Londres, o presidente compareceu ao lado da esposa, Michelle Bolsonaro, a Westminster Hall, para prestar homenagem perante o caixão de Isabel II.

Lula da Silva, ex-presidente brasileiro, que governou o Brasil entre 2003 e 2010, e que está à frente nas sondagens, considerou "louvável" que Bolsonaro assista ao funeral da rainha, mas condenou o aproveitamento da viagem para "fazer discursos" e "criticar a esquerda”.

"Não seria melhor para o genocida visitar famílias de pessoas que morreram de covid?" questionou hoje o líder do Partido dos Trabalhadores (PT) durante um comício de campanha em Florianópolis, capital do estado de Santa Catarina.

Após o funeral de Isabel II, na segunda-feira, está prevista uma viagem de Jair Bolsonaro para Nova Iorque, nos Estados Unidos da América, para discursar na Assembleia-Geral das Nações Unidas.

Segundo o Ministério das Relações Exteriores do Brasil, o discurso de Bolsonaro em Nova Iorque terá provavelmente uma abordagem eleitoral: "É chefe de Estado e de governo, mas também candidato à reeleição. Esta separação é necessária, mas nem sempre perfeita", disse o embaixador da ONU no Brasil, Paulino Neto, citado pela AP.

Bolsonaro terá ainda como objetivo com esta deslocação mostrar que não está isolado nem à margem de outros líderes mundiais.

"O que Bolsonaro quer é mostrar que pode assegurar alguma estabilidade e previsibilidade em termos de valores, e responder às críticas dizendo que está isolado no mundo. E Nova Iorque irá dar-lhe um palco global. Ele assegurará as manchetes por alguns dias", considerou, citado pela AP, o professor de negócios estrangeiros na Fundação Getúlio Vargas em São Paulo, Oliver Stuenkel.

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