O convite ao ex-Presidente Michel Temer foi anunciado no domingo durante uma videoconferência internacional de apoio a Beirute, que contou com a participação de outros chefes de Estado, como do Líbano, Michel Aoun, de França, Emmanuel Macron, ou dos Estados Unidos da América, Donald Trump, e que foi transmitida pelas redes sociais de Jair Bolsonaro.

“Nos próximos dias partirá do Brasil rumo ao Líbano uma aeronave da Força Aérea Brasileira, com medicamentos e materiais básicos de saúde, reunidos pela comunidade libanesa radicada no Brasil. Também estamos a preparar o envio, por via marítima, de quatro mil toneladas de arroz para atenuar as consequências das perdas de ‘stocks’ de cereais destruídos na explosão”, anunciou Bolsonaro na videoconferência.

“Estamos a acertar com o Governo libanês o envio de uma equipa técnica multidisciplinar para colaborar na realização da perícia da explosão. Convidei como meu enviado especial e chefe dessa missão o senhor Michel Temer, filho de libaneses e ex-Presidente do Brasil”, concluiu Jair Bolsonaro.

A comunidade libanesa que vive no Brasil, formada na sua maioria por descendentes, é maior do que a população do Líbano.

São quase 10 milhões de libaneses e descendentes em território brasileiro, segundo informações da agência Senado.

O país já foi governado por um descendente de libaneses, o ex-Presidente Michel Temer que, após o anúncio feito por Bolsonaro, emitiu um comunicado declarando sentir-se “honrado” com o convite para chefiar a missão humanitária.

“O ex-presidente Michel Temer está honrado com o convite feito pelo Presidente Jair Bolsonaro para chefiar a missão humanitária do Brasil no Líbano. Quando o ato for publicado no Diário Oficial serão tomadas as medidas necessárias para viabilizar a tarefa”, refere o texto publicado na rede social Twitter.

Apesar do convite, Michel Temer está proibido de deixar o Brasil sem autorização judicial.

O ex-chefe de Estado, que terminou o seu mandato presidencial no final de 2018, é acusado de corrupção passiva e outros crimes no âmbito da Operação Lava Jato no Rio de Janeiro. Temer chegou a estar preso preventivamente no ano passado.

Beirute foi sacudida na passada terça-feira por uma gigantesca explosão, causando pelo menos 160 mortos e mais de 6.000 feridos, segundo o último balanço feito pelas autoridades libanesas.

A explosão ocorreu num armazém do porto da capital libanesa onde estavam depositadas desde 2014 cerca de 2.750 toneladas de nitrato de amónio sem as devidas medidas de segurança, de acordo com as autoridades, apesar de ainda se desconhecer o que provocou a deflagração.