A propósito do feriado da Independência e a um mês das eleições municipais, o ex-presidente de 69 anos quer mostrar que a direita continua maciçamente mobilizada sob sua liderança.
"De nada vale falarmos ou comemorarmos independência se não temos liberdade", afirmou Bolsonaro num vídeo no qual pediu que as pessoas se manifestassem com as cores verde e amarelo da bandeira, a partir das 14h na Avenida Paulista.
O alvo da manifestação não será o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) que, no dia 30 de agosto, ordenou o bloqueio no Brasil da rede X, de Elon Musk, este último um conhecido apoiante de Bolsonaro.
Moraes é visto como o maior inimigo dos bolsonaristas, especialmente após condenar Bolsonaro, em 2023, a oito anos de inelegibilidade por disseminar desinformação sobre o sistema de votação eletrónico.
O bloqueio da rede social X foi decretado por Moraes, entre outros motivos, pela reativação de contas de bolsonaristas que ele havia suspendido por divulgar notícias falsas.
Essa medida foi criticada por Bolsonaro como "um duro golpe à nossa liberdade e à nossa segurança jurídica, o que afastará investidores estrangeiros e terá consequências nefastas em todas as esferas da vida pública brasileira", conforme postou na quinta-feira no LinkedIn.
"Ditador de toga"
Enquanto a direita considera o bloqueio do X um ataque à liberdade de expressão, a esquerda, liderada por Lula, vê-o como uma medida justa contra a desinformação que Elon Musk permite na sua plataforma.
"Seremos sempre intolerantes com qualquer um, independentemente de sua fortuna, que desafie a legislação brasileira", afirmou Lula num comunicado na véspera do feriado de Independência, sem citar diretamente Musk.
A democracia "não é o direito de mentir, de espalhar o ódio ou de atentar contra a vontade do povo", acrescentou o presidente.
Por outro lado, o influente pastor evangélico Silas Malafaia, aliado de Bolsonaro, pediu que os manifestantes no sábado exigissem "o impeachment do ditador de toga, Alexandre de Moraes".
Além disso, vários parlamentares da oposição planeiam apresentar um pedido de destituição do ministro na segunda-feira, e afirmam já ter reunido um milhão de assinaturas.
Em fevereiro deste ano, Bolsonaro reuniu 185 mil pessoas na Avenida Paulista, segundo uma estimativa de investigadores da Universidade de São Paulo. Nos últimos meses, o ex-presidente intensificou as suas aparições públicas para apoiar candidatos aliados nas eleições municipais de outubro.
Bolsonaro, que perdeu por uma pequena margem para Lula nas eleições de 2022, pediu aos seus apoiantes que "não participassem das cerimónias de comemoração da independência organizadas pelo governo".
Enquanto isso, Lula presidirá o desfile tradicional de 7 de setembro em Brasília, no meio a uma crise no governo, causada pelas acusações de assédio sexual contra seu ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, que foi exonerado na sexta-feira.
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