"Depois de consultar os meus colegas e perante a situação no Parlamento, eu não posso ser essa pessoa", disse Johnson num discurso em Londres, depois de enumerar os desafios esperados para o novo primeiro-ministro britânico, e horas depois de o ministro da Justiça, Michael Gove, apresentar a sua candidatura.
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Johnson desiste de enfrentar o seu velho aliado e grande parte de um partido que o não o apoia por ter acabado com a carreira de David Cameron.
A divisão no campo Brexit abre caminho para a ministra do Interior, Theresa May, partidária da UE, mas pouco exposta durante a campanha, que também oficializou a candidatura.
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Como há mais de um candidato, os deputados vão eleger os dois finalistas. Ambos serão, então, submetidos ao voto dos 150.000 militantes. No dia 9 de setembro será conhecido o novo líder conservador e primeiro-ministro.
A inesperada conversão ao euroceticismo, chave na vitória do Brexit, aproximou de Downing Street, Boris Johnson um político que ironizava com a ideia de se tornar primeiro-ministro. Mas um dia depois do referendo, Johnson descobriu que teria que aprender a viver também com o ódio.
De repente, metade do país e do partido conservador detestavam-no por ter assumido as rédeas de uma campanha do Brexit que carecia de uma figura de peso até Johnson decidir dar um passo em frente.
Naquela manhã de 24 de junho, Johnson não pode sair de casa, como fazia normalmente, com a sua bicicleta. A polícia precisou de fazer um corredor para que chegasse, entre insultos e empurrões, até ao carro que o levaria até à sua primeira aparição política após a vitória do Brexit.
Há pouco tempo, em fevereiro, Johnson desaconselhava a saída da União Europeia porque considerava que a saída afundaria o governo "num complexo processo de vários anos para negociar novos acordos, desviando energia dos problemas reais do país".
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