“A nossa proposta é muito justa, muito razoável”, disse hoje durante uma visita a um hospital em Watford, no norte de Londres, acrescentando que representa “um grande passo em frente, um grande avanço, uma grande concessão por parte do governo do Reino Unido”.
Nos últimos dias, o primeiro-ministro britânico tem estado em contacto telefónico com vários líderes europeus, incluindo o homólogo português, António Costa, para tentar persuadir Bruxelas a reatar negociações.
Falou também com o homólogo finlandês, Antti Rinne, e com o presidente francês, Emmanuel Macron, adiantou.
“E eu acho que eles podem ver que agora há argumentos para avançar com algumas negociações substantivas sobre os detalhes do que estamos a propor”, disse, em declarações transmitidas na Sky News.
O governo britânico propôs na semana passada a criação de um zona regulatória comum entre a Irlanda do Norte e a vizinha Irlanda para facilitar a circulação de bens agro-alimentares e industriais.
O plano pressupõe que a Irlanda do Norte sai da união aduaneira europeia e fica a fazer parte de uma união aduaneira britânica quando o Reino Unido sair da UE, após o período de transição, no final de 2020.
O alinhamento com as regras do mercado comum na Irlanda do Norte teria de ser autorizado pelas autoridades autónomas da província britânica a cada quatro anos.
Porém, os críticos apontam para o facto de não existir uma estabilidade política naquela província britânica, pois está sem governo desde as eleições de 2017 devido à divergência entre o Partido Democrata Unionista (DUP) e Sinn Féin.
Referem também para a efetiva criação de duas fronteiras, uma entre a Irlanda do Norte e o resto do Reino Unido, e outra com a vizinha Irlanda, cuja necessidade de controlos aduaneiros põe em causa os termos dos acordos de paz de 1998 para o território.
Boris Johnson garante que o seu plano não implica a criação de “fronteiras físicas nem de controlos”.
Na semana passada, a UE manifestou reservas sobre as propostas e pediu mais detalhes, estando previsto um novo encontro entre o enviado de Boris Johnson, David Frost, e o negociador-chefe dos 27, Michel Barnier.
O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, reconheceu em comunicado “avanços positivos, particularmente no que diz respeito ao completo alinhamento regulatório de todos os bens e do controlo dos bens provenientes da Grã-Bretanha que entrem na Irlanda do Norte”.
No entanto, para Juncker “ainda existem alguns pontos problemáticos que exigirão um trabalho suplementar nos próximos dias, principalmente no que diz respeito à governança do ‘backstop'”, segundo a mesma nota.
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