De acordo com o editor de Política da BBC, Chris Masson, Boris Johnson concordou em renunciar ao cargo de líder do Partido Conservador, mas quer permanecer à frente do Governo até que seja eleito, no outono, um novo nome para a liderança dos Tories.

O The Guardian escreve que a decisão foi tomada esta manhã, por volta das 8h30, depois de uma conversa com Sir Graham Brady, presidente do Comité Conservador 1922, que agrupa os deputados conservadores.

Quarta-feira à noite foi noticiado que uma delegação de ministros tentou persuadir Boris Johnson a demitir-se, o que terá sido rejeitado pelo primeiro-ministro, que disse querer ficar no cargo para se concentrar nas “questões extremamente importantes” que o país enfrenta, segundo uma fonte do executivo citada pela Sky News.

Johnson está sob intensa pressão devido a uma série de demissões nas últimas 24 horas, que forçaram uma remodelação da equipa governamental. Depois da demissão dos ministros das Finanças e Saúde na terça-feira, cinco secretários de Estado anunciaram ontem, numa carta conjunta, que iam deixar o governo do Partido Conservador, elevando para 54 o número de membros do governo britânico que se demitiram nas últimas horas.

As demissões mais recentes, e sonantes, partiram de James Daly, secretário de Estado privado do ministério do Trabalho, e Simon Hart, ministro para o País de Gales, e de Michelle Donelan, a nova ministra da Educação britânica nomeada há cerca de 24 horas.

Uma breve cronologia dos últimos escândalos que abalaram Johnson

Um mês depois de ter sobrevivido a uma moção de censura interna no Partido Conservador — em que 211 deputados do seu partido (59%) responderam sim à pergunta “Ainda tem confiança em Boris Johnson como líder?” —, Boris Johnson caiu.

A vitória de junho, na sequência do "Partygate", o escândalo das festas semanais em Downing Street quando o país estava confinado, foi vista por muitos analistas como "técnica", deixando o líder britânico bastante debilitado.

Tal ficou visível quando a 24 de junho os Conservadores sofreram uma derrota nas duas eleições legislativas parciais, perdendo os círculo eleitoral de Tiverton e Honiton para os liberais democratas e o de Wakefield para o principal grupo da oposição, o Partido Trabalhista.

Na altura, enquanto o presidente do Partido Conservador britânico, Oliver Dowden, se demitiu, Boris comprometeu-se a "escutar" os eleitores, atribuindo os "resultados difíceis” à inflação e ao seu impacto no preço da energia, combustíveis e comida.

Mas, querendo ou não, o facto é que estas eleições foram também encaradas como um teste à popularidade do primeiro-ministro junto dos eleitores, após o "Partygate" e em plena crise económica — e Boris perdeu.

No entanto, o caso Chris Pincher, responsável pela disciplina parlamentar dos deputados conservadores, parece ter sido a gota de água.

O parlamentar demitiu-se no dia um de julho, após alegações de que teria apalpado dois homens na quarta-feira.

Pincher era o vice-presidente da bancada parlamentar e considerado próximo do primeiro-ministro, Boris Johnson, cujo Governo já estava abalado por uma série de escândalo sexuais.

De acordo com o tabloide The Sun, o político de 52 anos apalpou dois homens - incluindo um deputado, segundo avançou a estação Sky News - num clube privado no centro de Londres, o Carlton Club, suscitando queixas junto do partido.

Segundo o jornal, esta é a segunda vez que Pincher, deputado eleito pelo círculo de Tamworth desde 2010, foi obrigado a abandonar o cargo por causa de alegações de caráter sexual.

Em 2017, foi acusado de ter feito avanços a um antigo remador olímpico, o ativista Tory Alex Story, que na altura tinha 26 anos, embora um inquérito o tenha ilibado.

Reintegrado pela ex-primeira-ministra Theresa May, juntou-se ao Ministério dos Negócios Estrangeiros como secretário de Estado quando Boris Johnson tomou posse em julho de 2019.

Pincher torna-se no quinto deputado conservador envolvido num escândalo sexual desde abril.

Um deputado suspeito de violação ainda não identificado foi detido e mais tarde libertado sob fiança em meados de maio, outro admitiu em abril ter visto pornografia no telemóvel enquanto estava no plenário no parlamento, enquanto um antigo deputado foi condenado em maio a 18 meses de prisão por assédio sexual a um menor de 15 anos.

Nos dois últimos casos, os deputados demitiram-se, levando às tais eleições legislativas parciais e a pesadas derrotas para os conservadores britânicos.

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