“Na minha cabeça, cada vez que um dirigente político começa a crer-se imprescindível ou insubstituível, começa a nascer dentro dele a ideia de um pequeno ditador, e isso eu não posso aceitar”, disse o antigo líder brasileiro durante a intervenção no congresso do PT, que decorre em São Paulo, no Brasil.
Lula da Silva não citou nomes nem países, mas voltou a levantar a bandeira histórica do PT sobre a necessidade de uma alternância no poder, como ele mesmo liderou em 2010, quando, no final do seu segundo mandato, e apesar da sua popularidade, lançou a candidatura de Dilma Rousseff, a primeira mulher Presidente do Brasil, e que acabaria deposta em 2016.
“Se existe um partido identificado com a democracia no Brasil é o PT, o PT nasceu lutando pela liberdade durante a ditadura e tivemos gente perseguida e presa; não foi agora a primeira vez que estive preso, fui preso em 1970 e em 1980″, lembrou Lula da Silva.
No longo discurso, que começou antes da meia noite e terminou nas primeiras horas da madrugada (hora local), segundo a reportagem da agência de notícias espanhola Efe, o antigo Presidente lembrou que “há 40 anos que o PT disputa pacífica e legitimamente as eleições”, e quando perde aceita “os resultados fazendo oposição, como determinam as urnas”.
“E quando vencemos governamos com diálogo social, participação popular e respeito pelas instituições”, disse.
Pelo contrário, continuou, “outros partidos que falam tanto de democracia mudaram as regras de reeleição em benefício próprio”, referindo-se aos eventos de 1998, quando o então Presidente Fernando Henriques Cardoso promoveu a possibilidade de um segundo mandato contínuo, como acabou por acontecer, e ao qual o PT se opôs.
O PT começou na sexta-feira o congresso nacional, impulsionado pelo regresso à vida política do seu antigo Presidente, depois de um ano e sete meses preso por acusações de corrupção, e com o objetivo de fortalecer a oposição ao Governo de direita liderado por Jair Bolsonaro.
O antigo líder sindical defendeu a “polarização” contra Bolsonaro, que é “todo o oposto” do PT, e que “está a destruir” tudo o que o seu partido e as formações de esquerda “construíram”.
Comentários