Denominado “Genomas Brasil”, o programa visa aperfeiçoar o entendimento das variações genéticas típicas da população brasileira, possibilitando, futuramente, o acesso a tratamentos personalizados no Sistema Único de Saúde (SUS).

Segundo a tutela da Saúde, dessa forma será possível identificar a suscetibilidades de indivíduos em desenvolver determinadas doenças antes mesmo dos primeiros sintomas aparecerem.

O investimento previsto para os primeiros quatro anos é de 600 milhões de reais (91,4 milhões de euros, no câmbio atual).

“O programa Genomas Brasil representa um grande avanço no diagnóstico, na prevenção e no tratamento de doenças. Essa iniciativa vai mudar a medicina realizada hoje no país e vai trazer precisão ao tratamento dos brasileiros. É o primeiro grande passo para o Brasil entrar na elite da área de terapia avançada da genómica no mundo”, destacou o Presidente, Jair Bolsonaro, na cerimónia de lançamento, em Brasília.

Para os próximos quatro anos, a principal meta do programa é a criação de um banco de dados com 100 mil genomas completos de brasileiros.

O banco de dados sequenciará genes de portadores de doenças raras, cardíacas, cancro e doenças infetocontagiosas, como a covid-19. Essas enfermidades foram escolhidas devido ao elevado número de casos no país e pelos altos custos que geram ao SUS.

“Estamos efetivamente focados em construir o maior banco de sequências genéticas do mundo (…) Isso vai dar-nos capacidade de medicina de precisão. Nós precisamos de dar o remédio certo, na dose certa e personalizado à população. Com esta medida estamos a procurar fazer a saúde que o brasileiro merece no futuro”, frisou o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello.

o ministro disse ainda que está em estudo uma parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro, além de outras instituições de ensino e empresas privadas.

A iniciativa contará com a parceria do Banco Nacional de Desenvolvimento Económico e Social (BNDES), que apoiará o projeto na atração e regulação de recursos privados para o programa.

O Ministério da Saúde informou que o projeto é inspirado no 100.000 Genomas do Reino Unido, iniciado em 2012.

De acordo com o executivo brasileiro, a medicina de precisão torna mais exato o diagnóstico de doenças, ao utilizar dados genéticos dos cidadãos, permitindo a personalização do tratamento, e tornando todo o processo “mais seguro e eficaz”.

Neste setor da medicina é possível observar e compreender o comportamento das doenças, para que, a longo prazo, o melhor tratamento ou até mesmo a cura de algumas dessas enfermidades possa ser alcançada.

No Brasil, a população possui uma das maiores miscigenações no mundo, já que é caracterizada por uma grande diversidade étnica.

“Nesse contexto, o Programa Genomas Brasil propõe-se explorar as especificidades genéticas da população brasileira, composta por fragmentos de diferentes genomas subcontinentais (europeu, ameríndio, africano e asiático), para garantir o acesso à saúde de precisão”, concluiu o Ministério da Saúde.