O relatório do Conselho de Controlo de Atividades Financeiras (COAF), uma entidade pertencente ao Ministério da Economia, diz ainda que outros nove ex-assessores do deputado estadual e senador eleito pelo Partido Social Liberal (PSL), Flávio Bolsonaro, filho mais velho do Presidente eleito, transferiram dinheiro para Fabrício José Carlos de Queiroz, o antigo assessor em causa.
Entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017, em praticamente todos os meses, a maior parte do dinheiro entrou na conta de Fabrício no mesmo dia ou poucos dias depois de os funcionários públicos receberem o salário.
Na análise dos movimentos bancários de Fabrício Queiroz, foram detetadas transferências suspeitas de mais de 1,23 milhões de reais (280 mil euros) entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017, sendo que uma dessas transações foi efetuada para a conta da mulher de Bolsonaro.
O Presidente eleito do Brasil, Jair Bolsonaro, disse na sexta-feira ao ‘site’ O Antagonista que a verba depositada na conta da sua mulher pelo ex-assessor de um dos seus filhos refere-se ao pagamento de uma dívida.
“Emprestei-lhe [ao ex-assessor] dinheiro noutras oportunidades. Nesta última, ele estava com um problema financeiro e uma dívida que ele tinha comigo acumulou-se. Não foram 24 mil reais [cerca de 5.400 euros], foram 40 mil reais [cerca de nove mil euros]”, afirmou Jair Bolsonaro.
“Eu podia ter colocado o dinheiro na minha conta. Foi para a conta da minha esposa, porque eu não tenho tempo de sair. Essa é a história, nada além disso. Não quero esconder nada, não é a nossa intenção”, declarou o ex-capitão do Exército.
Fabrício José Carlos de Queiroz, amigo do Presidente eleito desde os tempos do exército, pediu exoneração do gabinete de Flávio Bolsonaro no dia 15 de outubro. No entanto, uma das suas filhas, Evelyn Mello de Queiroz, continua com contrato vinculado ao gabinete do deputado estadual e senador eleito Flávio Bolsonaro.
Também o futuro ministro da Justiça do Brasil, Sergio Moro, defendeu na segunda-feira a necessidade de esclarecer as transferências bancárias de um ex-assessor de Flávio Bolsonaro, filho do Presidente eleito, para a conta da futura primeira-dama.
“O Presidente [Jair Bolsonaro] já apresentou algum esclarecimento. Existem outras pessoas que precisam de prestar também os seus esclarecimentos. E os factos, se não forem esclarecidos, têm que ser apurados”, declarou Moro, antigo juiz responsável pelos casos da operação Lava Jato.
Bolsonaro e o seu executivo tomam posse no dia 01 de janeiro.
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