Durante um comício realizado na quarta-feira na cidade do Rio de Janeiro, Lula pediu a bandeira brasileira a um dos seus apoiantes e gritou: “Essa bandeira é nossa, não é deles”, numa alusão aos apoiantes de Bolsonaro, que frequentemente utilizam os símbolos nacionais nas ações de campanha.

Mais tarde, nas redes sociais, Lula escreveu: “A bandeira brasileira e as cores verde e amarelo não são dos fascistas. São de 213 milhões de brasileiros e brasileiras”.

Em resposta à Lusa, o assessor de Lula da Silva, José Chrispiniano, manteve a tónica do discurso e afirmou que a bandeira “não pode ser propriedade de ninguém”.

“A bandeira é de todos os brasileiros, não é de alguém ou de algum grupo específico”, disse.

Este discurso de recaptura dos símbolos nacionais é direcionado à população de esquerda que nos últimos ganhou uma certa ‘vergonha’ em utilizar quer a famosa camisola ‘canarinha’ da seleção de futebol brasileira, quer a bandeira nacional, explicou à Lusa David Fleischer, um cientista político norte-americano naturalizado brasileiro há mais de 20 anos.

“Há uma aversão a isso [aos símbolos] para não serem identificados como ‘bolsonaristas'”, frisou.

Nos últimos anos, e durante a última campanha presidencial de 2018, Bolsonaro foi visto, por várias vezes, vestido com camisola da seleção brasileira e envergando a bandeira, símbolos esses que passaram também a ser utilizados nas manifestações de rua lideradas por representantes da direita.

Uma ‘moda’ que, apesar de tudo, não começou em 2018 com Bolsonaro: já em 2015, durante as manifestações contra a então Presidente de esquerda Dilma Rousseff, era visível a utilização dos símbolos nacionais por parte de associações e de movimentos de direita e de conservadores.

“Os políticos e os partidos de extrema-direita como o Bolsonaro projetam-se como nacionalistas e utilizam esses símbolos nacionais”, explicou David Fleischer, dando também o exemplo do que aconteceu no seu país de origem.

“A mesma coisa que Trump [ex-presidente norte-amricano] fazia nos Estados Unidos”, afirmou.

As próximas eleições no Brasil, previstas para outubro, estão polarizadas entre Bolsonaro e Lula, o seu principal adversário, que, apesar de ainda não ter oficializado a sua candidatura, lidera todas as sondagens de opinião que se têm realizado desde o ano passado.

De acordo com a mais recente, divulgada na semana passada, o ex-presidente venceria as eleições presidenciais com 43% dos votos, enquanto Bolsonaro teria só 26% dos votos.

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