“Registamos o resultado da eleição, cumprimentamos o Presidente eleito e, da nossa parte, temos todo o empenhamento em continuar o mesmo nível de relacionamento, seja no plano bilateral, seja no plano multilateral”, disse o ministro, contactado telefonicamente pela Lusa.
Santos Silva frisou que os dois países têm uma agenda bilateral “bastante rica” e, no plano multilateral, são parceiros na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e na Conferência Ibero-Americana, “duas organizações regionais muito importantes” em que Portugal tem “trabalhado de perto com o Brasil”, o que pretende continuar a fazer.
Em termos bilaterais, Santos Silva considerou que a riqueza da relação assenta, além das “razões históricas, linguísticas e de proximidade cultural”, em outras três razões “não menos importantes”.
Além da “presença de fortes comunidades, portuguesa no Brasil e brasileira em Portugal”, o ministro salientou a relação económica e o investimento dos dois governos no reforço da cooperação científica e tecnológica.
Em termos económicos, disse, o Brasil já não é, como foi, um dos dez principais parceiros comerciais de Portugal, “mas continua a ser um parceiro comercial e económico muito importante”, de que é exemplo o “desenvolvimento do ‘cluster’ aeronáutico português”.
Da parte do Brasil, Santos Silva diz não ter “nenhuma razão para pensar” que o empenhamento na relação bilateral com Portugal não seja o mesmo, esperando que “mal haja um novo Governo no Brasil”, “a partir de 1 de janeiro”, “continuará certamente” a “boa prática” de “contactos imediatos ao mais alto nível entre as autoridades brasileiras e as autoridades portuguesas”.
Também no quadro da CPLP, o ministro espera o mesmo empenhamento do Brasil na organização.
“O Brasil assumiu a presidência da CPLP no último mandato, entre 2016 e 2018, fez uma presidência boa, trazendo para a prioridade do nosso trabalho a conversação multilateral em torno dos objetivos de desenvolvimento sustentável e é um parceiro muito importante na CPLP, fez-se representar ao mais alto nível, através do seu Presidente, na Cimeira do Sal, dando assim todas as indicações de que quer continuar o protagonismo que lhe cabe na CPLP”, disse Santos Silva.
“Não tenho nenhuma indicação que me faça pensar que a implicação do Brasil na CPLP venha a diminuir”, prosseguiu, acrescentando: “Como ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, espero e confio que o Brasil continue a ter o mesmo comprometimento, se não mais, na CPLP, porque é muito importante para a CPLP o comprometimento do Brasil”.
Jair Bolsonaro, 63 anos, capitão do Exército brasileiro reformado, foi eleito no domingo, na segunda volta das eleições presidenciais, o 38.º Presidente da República Federativa do Brasil, com 55,1% dos votos.
De acordo com dados do Supremo Tribunal Eleitoral brasileiro, Fernando Haddad, candidato do Partido dos Trabalhadores (PT, esquerda), conquistou 44,9% dos votos, e a abstenção foi de 21% de um total de mais de 147,3 milhões eleitores inscritos.
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