O principal porta-voz da Comissão, que falava no final da reunião semanal do colégio de comissários, detalhou que Jean-Claude Juncker advertiu “formalmente a primeira-ministra contra incluir uma data para a extensão [do Artigo 50.º] que supere a data das eleições europeias”, que decorrem entre 23 e 26 de maio.
“Por isso, neste telefonema, o presidente repetiu o conselho, que já tinha plasmado na sua carta de 11 de março, de que a saída do Reino Unido deveria estar completa antes de 23 de maio, caso contrário arriscamo-nos a enfrentar dificuldades institucionais e incerteza legal dada a data das eleições europeias”, alertou.
Margaritis Schinas reiterou a posição da Comissão, lembrando que Bruxelas defende que, caso a saída do Reino Unido da União Europeia, que continua a estar prevista para 29 de março, aconteça depois de 23 de maio, aquele país terá de realizar eleições europeias.
As afirmações do porta-voz do executivo comunitário coincidem com um documento interno, apresentado esta manhã ao colégio de comissários e a que a agência France-Presse teve acesso, segundo o qual um adiamento do ‘Brexit’ até 30 de junho causaria “graves riscos jurídicos e políticos”, uma ideia que já tinha sido expressada pelo negociador-chefe da UE, Michel Barnier, na terça-feira.
Nesse documento, a Comissão Europeia sugere ao Governo britânico que aceite “uma curta extensão técnica até 23 de maio de 2019”, que permita excluir o problema das eleições europeias no fim de maio, ou uma de “duração longa” até ao fim de 2019.
Neste segundo cenário, este período poderia ser “encurtado se uma solução fosse encontrada antes do seu final”.
Enquanto o porta-voz falava aos jornalistas na sala de imprensa da Comissão Europeia em Bruxelas, a líder do Governo britânico dirigia-se à Câmara dos Comuns, em Londres, para confirmar que pediu um adiamento da data de saída do Reino Unido da UE até 30 de junho, e considerando "inaceitável" realizar eleições para o Parlamento Europeu em maio.
"Eu não acredito que tais eleições sejam do interesse de ninguém. A ideia de que, três anos depois de votar a saída da UE, o povo deste país deveria ser convidado a eleger um novo grupo de deputados europeus é, penso, inaceitável", disse hoje, no debate semanal com deputados na Câmara dos Comuns.
May disse que o Governo pretende submeter, de novo e pela terceira vez, ao parlamento o Acordo de Saída negociado com Bruxelas para um "voto significativo".
"Se essa votação for aprovada, a extensão dará à Câmara tempo para considerar a lei do Acordo de Saída. Se não, a Câmara terá que decidir como proceder. Mas como primeira-ministra, eu não estou preparada para atrasar o ‘Brexit’", vincou.
Ativado pelo Governo britânico em 2017, o artigo 50.º do Tratado da UE determina dois anos de negociação para um estado membro sair da UE, prazo que acaba a 29 de março e que está inscrito na legislação britânica.
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