“Os britânicos votaram para sair da União Europeia (UE) e não haverá um segundo referendo em nenhuma circunstância”, afirmou um porta-voz de Downing Street, gabinete oficial da primeira-ministra, Theresa May.

O porta-voz fez notar a clareza as declarações feitas por May, que assinalou que o documento produzido em reunião, no passado dia 06 de julho, em Chequers Court, arredores de Londres, “cumpre a vontade dos cidadãos”, expressa no referendo realizado em 23 de junho de 2016, em que 51,9% dos eleitores votou pela saída da UE.

“A proposta de Chequers é a única forma que nos permite chegar a um acordo sem atritos na fronteira entra a UE e o Reino Unido, resolver o problema fronteiriço da Irlanda do Norte e assegurar que podemos alcançar acordos de livre comércio com todo o mundo”, disse o porta-voz.

Num artigo publicado no jornal The Times, Greening criticou a proposta, que inclui a criação de um mercado comum de bens da comunidade britânica, harmonizado a nível normativo e aduaneiro.

“Vamos arrastar da UE os que apoiaram a permanência, com um acordo que significa continuar a cumprir muitas das regras da UE, mas agora sem uma voz na sua formação”, escreveu Greening, que defendeu a permanência na UE durante a campanha de 2016.

Para a antiga ministra, que em janeiro apresentou a demissão do Governo por recusar trocar de pasta em remodelação governamental, a decisão final não deveria estar nas mãos de políticos “bloqueados”, mas que deveria ser “devolvida às pessoas”.

O porta-voz do Governo acrescentou ainda que as negociações sobre o acordo de saída e as futuras relações com o bloco comunitário “foram retomadas de forma oficial esta segunda-feira em Bruxelas”, mantendo-se prevista a reunião entre o novo negociador britânico nomeado pela primeira-ministra Theresa May, Dominic Raab, e o negociador-chefe do lado da União Europeia, Michel Barnier.

O plano defendido por May, que põe fim à livre circulação de pessoas e cria de um novo sistema de controlo da imigração, garante, segundo o Governo britânico, o respeito pelo resultado do referendo, pois o parlamento britânico mantém o direito de decidir sobre a legislação a aprovar e as respetivas consequências para o relacionamento com a UE.

A apresentação da proposta resultou nas demissões do negociador britânico, Davis Davis, e do ministro dos Negócios Estrangeiros, Boris Johnson, em desacordo com a forma como estão a decorrer as negociações para a concretização da saída do Reino Unido da UE.

Raab, que apresentou o documento com as propostas detalhadas para um relacionamento futuro entre o Reino Unido e a União Europeia na passada quinta-feira, garantiu que se trata de uma proposta “pragmática” e que permitirá manter a continuação de trocas comerciais sem atrito nas fronteiras, quando o país deixar a UE no dia 29 de março de 2019.