“Creio que do lado português – e isto é partilhado pela generalidade dos países da UE – existe a ideia de que, independentemente do que acontecer quanto à natureza do ‘Brexit’, nós queremos continuar a ter uma relação muito próxima no âmbito da Defesa com o Reino Unido”, declarou o ministro da Defesa, João Gomes Cravinho.
Falando aos jornalistas à margem da reunião informal dos ministros da Defesa da UE, em Bucareste, na Roménia, o governante português referiu que, para isso acontecer, terá de se analisar “em que condições é que o Reino Unido pode participar em projetos de cooperação estruturada permanente”.
“Mas antes de podermos planear isso, temos de ver como vai ser o ‘Brexit’”, notou, aludindo à indefinição quanto ao processo de saída.
João Gomes Cravinho considerou, ainda assim, que a “vontade comum” de Portugal, da UE e do Reino Unido vai levar a uma “plataforma de trabalho com o Reino Unido que vai ser de grande proximidade”.
Na terça-feira à noite, o parlamento britânico aprovou uma proposta do deputado Graham Brady que preconiza a substituição do ‘backstop’ inscrito no acordo de saída do Reino Unido do bloco comunitário por “disposições alternativas” que evitem o regresso de uma fronteira física entre a República da Irlanda, Estado-membro da UE, e a província britânica da Irlanda do Norte.
A emenda apresentada por Graham Brady foi aprovada por 317 votos, com 301 parlamentares a votarem contra.
Durante o debate que antecedeu o voto, a primeira-ministra britânica, Theresa May, admitiu querer reabrir o acordo de saída que assinou em novembro com a União Europeia, apesar da oposição reiteradamente vincada pelos líderes europeus.
O Reino Unido deveria deixar a União Europeia em março de 2019, dois anos após o lançamento oficial do processo de saída, e quase três anos após o referendo de 23 de junho de 2016, que viu 52% dos britânicos votarem a favor do ‘Brexit’.
Porém, o processo está com um futuro incerto.
Nesta reunião informal em Bucareste, a questão do ‘Brexit’ não foi abordada, nem a da Venezuela, apesar de ambas marcarem a atualidade europeia e internacional.
Em cima da mesa esteve, sim, a missão na República Centro-Africana, segundo João Gomes Cravinho, para quem “as forças portuguesas são essenciais nesse teatro de operações”.
“Durante este ano de 2019, continuaremos” no local com o mesmo número de elementos, assegurou.
A reunião informal dos ministros da Defesa da UE termina na quinta-feira, sendo que, à margem desta iniciativa, o ministro português está a ter encontros bilaterais com homólogos de outros países.
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