“A pressão está agora do lado deles”, sustentou Macron, que soube em direto do resultado da votação na Câmara dos Comuns, em Westminster, em que o texto negociado pelo Governo conservador da primeira-ministra Theresa May foi rejeitado por 432 dos deputados e apenas 202 votaram a favor — a maior derrota infligida a um governante britânico desde a década de 1920.

O chefe de Estado francês, que participava num debate com autarcas em França, comentou ainda que o referendo britânico realizado em junho de 2016, em que ganhou o ‘Não’ à permanência do Reino Unido no bloco comunitário, foi “manipulado” e que “se mentiu às pessoas”.

O vice-chanceler e ministro das Finanças alemão, Olaf Scholz, classificou o dia de hoje como “um dia amargo para a Europa”, após a rejeição pelo Parlamento britânico do acordo de divórcio entre o Reino Unido e a UE.

“É um dia amargo para a Europa. Estamos preparados. Mas um Brexit sem acordo é a pior de todas as hipóteses para a UE, mas sobretudo para o Reino Unido”, comentou Scholz na rede social Twitter logo depois da votação na Câmara dos Comuns.

Também o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, lamentou “o resultado negativo” da votação sobre o acordo de ‘Brexit’ no Parlamento britânico, garantindo que “uma saída desordenada será negativa para a União Europeia e catastrófica para o Reino Unido”.

Fontes da Moncloa indicaram que Espanha quer que, apesar da votação de hoje, a Câmara dos Comuns acabe por dar a sua aprovação ao texto negociado durante quase um ano e meio e que tem a aprovação do Governo britânico.

Para o executivo espanhol, o acordo “é o melhor possível” para os interesses de ambas as partes, os direitos dos cidadãos e dos operadores económicos.

O chanceler federal da Áustria, o conservador Sebastian Kurz, por seu turno, descartou hoje que a UE renegoceie o acordo de ‘Brexit’ esta noite rejeitado pelo Parlamento britânico.

“Seja como for, não haverá renegociação”, disse Kurz à agência noticiosa austríaca APA pouco depois de a Câmara dos Comuns ter votado contra a adoção do documento negociado pela primeira-ministra conservadora, Theresa May, com a UE.

Apesar disso, o chefe do Governo austríaco sublinhou que “a mão da UE continua estendida para evitar um ‘Brexit’ difícil e para garantir que a relação futura de Londres e da UE seja o mais próxima possível”.

Kurz, que segundo a APA falou hoje à noite por telefone com o negociador-chefe comunitário do ‘Brexit’, Michel Barnier, disse esperar “mais clareza por parte do Reino Unido quanto à futura relação com a UE” e considerou que “sobretudo, o Reino Unido precisa de saber qual é o seu objetivo”.

No caso de ocorrer o chamado “hard ‘brexit'” — uma saída do Reino Unido sem acordo com a UE -, a Áustria está adequadamente preparada, assegurou Kurz.