No final de uma audiência com o embaixador do Reino Unido em Portugal, Christopher Sainty, o líder do PSD foi questionado sobre as declarações do presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, que hoje pediu ao Parlamento Europeu que não esqueça os muitos milhões de britânicos que desejam ficar na União Europeia.

Rui Rio começou por dizer que a realização ou não de um segundo referendo “é um problema interno do Reino Unido”, mas manifestou a convicção, a título pessoal, de que neste momento será difícil esse cenário.

“Aquilo que a mim, pessoalmente, me parece – pode falhar - é que o Reino Unido não vai repetir agora o referendo, vai sair mesmo, e a probabilidade de sair sem acordo é notória, e daqui por uns anos vai aderir outra vez à União Europeia”, afirmou.

Na opinião do líder do PSD, neste momento as posições estão “muito afuniladas” e o Reino Unido irá mesmo de sair, e no futuro voltará a pedir a adesão à União Europeia, que é o seu “espaço natural”.

“A minha convicção é que se repetissem o referendo daria um resultado diferente, mas também reconheço que não se pode andar a fazer referendo atrás de referendo”, afirmou.

Sobre o encontro com o embaixador do Reino Unido – que não quis prestar declarações aos jornalistas -, Rio apontou que a principal preocupação é com a situação dos ingleses em Portugal, tal como a de Portugal é com a dos cidadãos nacionais no Reino Unido.

“Em Inglaterra, os portugueses não têm grande angústia com o Brexit, na medida em que estão integrados na economia inglesa”, referiu Rio, que no passado fim de semana teve vários encontros em Londres, incluindo com a comunidade portuguesa.

O líder do PSD reiterou hoje o que disse então, considerando que existe “uma falha muito grande” do Governo ao nível dos serviços consulares neste país.

“Os serviços consulares em Londres pura e simplesmente não respondem – parece o Serviço Nacional de Saúde em Portugal – e as pessoas estão meses e meses à espera do cartão de cidadão ou passaporte”, criticou.

Ainda assim, questionado sobre como votará hoje o PSD no parlamento o plano de contingência do Governo para um Brexit sem acordo, Rio disse não antever “grandes obstáculos”, embora salvaguardando não ter falado com o líder parlamentar sobre esta matéria.

O líder do PSD disse ainda ter encontrado o embaixador do Reino Unido “otimista” sobre a possibilidade de ainda ser possível encontrar no parlamento britânico uma maioria que permita a assinatura do acordo para uma saída ordenada do Reino Unido.

Hoje, os deputados britânicos debatem e votam hoje possíveis caminhos alternativos ao Acordo de Saída negociado pelo governo da primeira-ministra conservadora, Theresa May, e chumbado duas vezes pela Câmara dos Comuns.

Na passada quinta-feira, o Conselho Europeu rejeitou prolongar a data de consumação do ‘Brexit’ até 30 de junho, como solicitara a primeira-ministra britânica, Theresa May, concordando antes com uma extensão até 22 de maio, se o Acordo de Saída for aprovado esta semana na Câmara dos Comuns, ou 12 de abril, se for chumbado (pela terceira vez).

As datas “oferecidas” pela UE ao Reino Unido justificam-se por 22 de maio ser a véspera do primeiro dia de votação para as eleições europeias, e era necessário que não houvesse quaisquer dúvidas legais sobre a participação ou não dos britânicos no ato eleitoral, enquanto 12 de abril é o prazo-limite para Londres comunicar se participa no sufrágio, sendo que se o Reino Unido o fizer então a extensão agora concedida poderá ser prolongada.