O ministro dos Negócios Estrangeiros, que falava em Lisboa num debate sobre o ‘Brexit’ com o principal negociador da UE para a questão, Michel Barnier, apontou como “elemento de enorme complexidade” no processo “a dificuldade” de quem tem o ponto de vista europeu de “compreender o que é que realmente querem os britânicos”.
“Pareciam querer uma solução que é logicamente impossível: ter as três liberdades referentes à circulação de bens, capitais e serviços, sem ter a liberdade de circulação das pessoas […] Não querer fronteiras e não querer estar dentro sequer de uma união aduaneira”, disse Santos Silva.
“É muito difícil negociar com uma parte cujos termos e objetivos negociais nos não conhecemos, pela razão simples de que essa parte até agora tem sido incapaz de os exprimir com clareza e a uma só voz”, acrescentou, numa referência às divergências que a saída do Reino Unido da UE suscitam dentro do partido conservador e dentro do próprio governo britânico.
“Parece que depois de longas décadas em que os britânicos sempre quiseram estar dentro da UE com um pé fora, parece que agora a perspetiva é de que queiram estar fora da UE com um pé dentro”, insistiu.
Durante o debate, Augusto Santos Silva reiterou a posição portuguesa de alinhar pelas “linhas vermelhas da UE a 27”, definindo como prioritário “respeitar o princípio do mercado único e da indivisibilidade das quatro liberdades”.
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