Theresa May disse que a decisão foi tomada após um conselho de ministros que durou sete horas para discutir o atual impasse no parlamento relativo ao ‘Brexit'.
"Sei que há muitas pessoas que estão cansadas com os atrasos e constantes discussões que prefeririam sair sem acordo na próxima semana", admitiu, porém afirmou que "sair com um acordo é a melhor solução".
Depois de na sexta-feira, dia 29 de março, o parlamento britânico ter rejeitado pela terceira vez os termos do “divórcio” negociado por Theresa May, a data estabelecida para a saída do Reino Unido da União Europeia é a 12 de abril. O Reino Unido tem, assim, menos de duas semanas para encontrar um novo plano ou abandonar a União Europeia sem acordo.
Na comunicação aos jornalistas, May, apesar de garantir que conseguiria fazer da saída sem acordo "um sucesso a longo prazo", disse que "sair com um acordo é a melhor solução". Foi nesse sentido que a primeira-ministra informou que vai pedir "uma maior extensão do artigo 50 [que regula a saída da UE]", mas que esta seja "o mais curta possível", visto que o Reino Unido pretende já estar fora da União Europeia a 22 de maio, véspera das eleições europeias, que decorrem de 23 a 26 desse mês.
Face ao impasse que se vive no parlamento britânico - que ontem à noite também rejeitou quatro opções alternativas ao acordo de saída, formuladas por grupos de deputados - May também se ofereceu para se reunir com Jeremy Corbyn, líder do Partido Trabalhista e principal face da oposição, para chegar a um acordo sobre um plano para acabar com a resistência dos parlamentares.
"Eu ofereço-me para me sentar com o líder da oposição e tentar concordar num plano", informou Theresa May, ressalvando porém, que tal plano terá sempre de incluir o seu acordo negociado com Bruxelas. "Qualquer plano terá de concordar quanto ao atual acordo de saída - já foi negociado com outros 27 estados membros e a UE disse repetidamente que não pode e não vai renegociá-lo", advertiu.
O plano a debater com Jeremy Corbyn, acrescentou, será depois colocado a votos na Câmara dos Comuns antes de 10 de abril, data em que a UE agendou um Conselho Europeu de emergência para avaliar a situação de decidir o que fazer a seguir, tendo em conta que, atualmente, a data de saída do Reino Unido da UE é 12 de abril.
Os líderes europeus têm reiterado que uma prorrogação mais longa implicaria que o Reino Unido realize eleições para o Parlamento Europeu, em maio. No entanto, Donald Tusk já reagiu a esta declaração de May, tendo o presidente do Conselho Europeu feito uso da rede social Twitter para dizer que "mesmo que, depois de hoje, não saibamos qual será o resultado final, sejamos pacientes".
A declaração de May surge também depois de um grupo de deputados britânicos ter anunciado que vai apresentar no parlamento um projeto de lei para impedir que o Reino Unido saia da União Europeia sem um acordo de saída. Este exigirá à primeira-ministra que apresente um plano para pedir um novo adiamento do ‘Brexit', que teria de ser aprovado pelos deputados, os quais teriam igualmente de ser consultados se a UE oferecesse uma prorrogação com uma duração diferente.
Formulado com o apoio de outros deputados trabalhistas e conservadores, Yvette Cooper, a primeira signatária desta proposta, pretende reservar quinta-feira para a discussão e aprovação acelerada na Câmara dos Comuns, passando de seguida para a Câmara dos Lordes, a câmara alta do parlamento britânico.
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