A primeira sondagem realizada após a morte brutal da deputada trabalhista e pró-europeia de 41 anos, nas mãos de um homem que proferiu lemas da extrema-direita, aponta uma vantagem para o campo da permanência, com 45% das intenções de voto, contra 42% para aqueles que defendem a saída. Este levantamento foi elaborado pela Survation entre sexta-feira e sábado.
A média das últimas seis sondagens realizadas pelo instituto What UK Thinks coloca ambos os lados em igualdade, 50% a 50%, sem levar em conta os indecisos. Antes do assassinato, os defensores do Brexit lideravam as intenções de voto, depois que a questão da migração conquistou o centro dos debates da campanha.
O diretor do instituto YouGov, Anthony Wells, considerou que "a manutenção do status quo continua". Nigel Farage, líder do partido antieuropeu Ukip, declarou, no canal ITV, que a campanha pró-Brexit "acontecia numa boa dinâmica antes desta terrível tragédia".
Numa entrevista ao jornal Herald Scotland, o deputado do Partido Nacional Escocês (SNP) Alex Salmond, pró-UE, considerou que o assassinato "poderia ter um impacto significativo" na campanha.
"Uma decisão irreversível"
O primeiro-ministro David Cameron, que defende a permanência do país na UE, advertiu neste domingo os britânicos de que a decisão a ser tomada na quinta-feira será irreversível. "Se você não tiver certeza, não corra riscos votando a favor da saída. Se você não sabe (no que votar), não vá" votar, escreveu Cameron num artigo no Daily Telegraph. "Se sairmos da UE, e esta decisão acabar por se revelar como um grande erro, não haverá maneira de mudar de opinião e votar novamente", disse. A decisão, Cameron insistiu, é "existencial" e "irreversível".
Espera-se que o tom da campanha volte a ser mais moderado, após o assassinato de Cox, em grande parte ligado à tensão prevalecente no Reino Unido.
Neste domingo, Cameron vai responder a perguntas de pessoas num programa de televisão da BBC, enquanto os grandes representantes da campanha pelo Brexit, os conservadores Boris Johnson e Michael Gove, vão participar de um comício em Londres.
O líder trabalhista Jeremy Corbyn e o ministro das Finanças George Osborne, defensores da UE, também vão conceder entrevistas televisivas.
Nigel Farage, líder do UKIP (Partido da Independência do Reino Unido), cujas mensagens contra a migração causaram enorme polémica, não mencionou o assunto na sua reaparição pública, numa entrevista ao Sunday Express. Farage convidou os britânicos a "ter confiança para recuperar o controlo da nossa auto-determinação e desenhar a nossa própria posição no mundo, ao invés de permanecermos ancorados na UE e recebendo ordens de velhos de Bruxelas que não foram eleitos".
Jornais tomam partido
Os jornais deste domingo tomaram posição nesta que é a última chance antes do referendo de quinta-feira. The Mail on Sunday, edição de domingo do Daily Mail, e The Observer, a edição do Guardian, pediram aos seus leitores que votem pela permanência na UE, enquanto The Sunday Times (The Times) e The Sunday Telegraph (Daily Telegraph), pediram pelo Brexit. Acontece que algumas edições de domingo, como a do The Times, pede aos seus leitores o contrário de sua edição diária.
"Devemos votar pela saída. Sim, devemos estar preparados para um caminho tortuoso, mas temos que manter a calma. Esta é talvez a nossa única chance de deter a marcha para um projeto europeu centralizado", escreveu The Sunday Times.
Comentários