“Vejam o doutor Luís Montenegro: hoje grita, numa espécie de leilão fiscal, ‘baixem os impostos já’. Os governos do PS têm reduzido os impostos. Temos reduzido os impostos para desmantelar o enorme aumento de impostos que o doutor Luís Montenegro, como líder parlamentar da maioria PPD/PSD e CDS aprovou no parlamento”, considerou Eurico Brilhante Dias.

O líder da bancada do PS falava numa sessão da Academia Socialista, rentrée que decorre em Évora até domingo, intitulada “Uma política economia de esquerda no euro: o caso português”.

Na opinião do líder da bancada socialista, “se há partido que tem reduzido impostos sob o trabalho – que nunca foi opção da direita, porque a opção da direita era reduzir o IRC e não o IRS - têm sido os governos do PS”.

“No fundo, o doutor Luís Montenegro e o PPD/PSD claudicaram: é que hoje não há nenhum português que aceite socialmente que se reduzam os impostos às empresas - como então o doutor Passos Coelho e Paulo Portas queriam eduzir a TSU às empresas - e que não se reduzam os impostos sob o trabalho”, afirmou.

Para Brilhante Dias, “é caso para dizer: bem-vindos”.

“Mas como qualquer convertido recente, [Montenegro] radicalizou e agora já oferece em leilão fiscal os montantes que lhe ocorrem”, atirou.

O líder da bancada socialista acusou ainda a direita de defender uma redução de impostos quando está na oposição, mas depois aumentá-los quando está no Governo.

Numa intervenção de cerca de meia hora, perante os jovens entre 18 e 30 anos que participam nesta iniciativa socialista, Brilhante Dias traçou diferenças entre esquerda e direita – nomeadamente PS e PSD – centrando-se na política de rendimentos e referindo várias vezes o executivo PSD/CDS que governou entre 2011 e 2015.

Nessa altura, afirmou Brilhante Dias, o governo não apenas “foi além do compromisso com a ‘troika’, como desenvolveu uma política tendente à competitividade do território com base na redução de rendimentos”.

O líder parlamentar acrescentou que, à época, “grande parte da ideia de que a emigração era uma oportunidade e que sair [do país] era solução, é porque evidentemente uma economia que aposta em salários mais baixos empurra uma parte substantiva da sua população para fora”.

“E por isso é tão importante perceber que a estratégia de reduzir despesa, reduzir rendimentos, coloca em causa a estabilidade do estado social, das prestações futuras de segurança social, mas é evidentemente uma estratégia suicida para o desenvolvimento de um território”, argumentou.

O socialista defendeu a tese de que o PS “tem provado que é possível” aumentar qualificações e rendimentos - dando como exemplo os aumentos do salário mínimo nacional - e simultaneamente manter o equilíbrio das contas públicas.