No final de uma reunião extraordinária da Concertação Social, em Lisboa, o governante sublinhou que a verba a atribuir por Bruxelas é “apenas uma das componentes e que tem a ver com a existência de um fundo europeu de solidariedade, que pode ser desencadeado para danos globais de 500 milhões de euros”.
Aos jornalistas, Vieira da Silva recordou que o Conselho de Ministros já aprovou uma resolução sobre os apoios para aquela zona com diversas origens: “fundos específicos, como o fundo de emergência municipal”, “fundos que resultam da solidariedade” e “fundos resultantes do Portugal 2020 [verbas comunitárias]”.
“O total ainda não está completamente avaliado”, afirmou.
A verba máxima atribuída pelo executivo comunitário tinha sido avançada por Vasco Mello, vice-presidente da Confederação e Serviços de Portugal (CCP), que considerou “não ser um valor muito significativo”. No seu entender, o montante “não será a solução para essas calamidades”.
Segundo o responsável da CCP, na reunião de quatro horas o secretário de Estado do Desenvolvimento e Coesão, Nelson Souza, informou sobre a possibilidade de um “reequacionamento do Portugal 2020: “Isso é uma coisa mais demorada, mas poderá haver mais fundos europeus por essa via”.
Depois do encontro com os parceiros sociais, o responsável da CCP manifestou ainda “preocupação” com a forma como a floresta tem sido ordenada e “enorme preocupação com a forma de funcionamento do sistema [de comunicações] Siresp”, recordando que as zonas de comércio são “zonas de grande concentração de pessoas”.
Esta manhã, à entrada para o encontro com os parceiros sociais, o ministro da Agricultura, Luís Capoulas Santos, previu que o pedido para Bruxelas, a cargo do ministério do Planeamento e Infraestruturas, dará entrada em “muitos poucos dias”.
Na terça-feira, fonte oficial do ministério tutelado por Pedro Marques informou à Lusa que o Governo e a Comissão Europeia vão concluir "esta semana" os "contactos técnicos" relativos à ativação do fundo de solidariedade europeu, devendo o pedido formal seguir para Bruxelas após este processo.
Os prejuízos diretos dos incêndios ascendem a 193,3 milhões de euros, estimando-se em 303,5 milhões o investimento em medidas de prevenção e relançamento da economia.
Dois grandes incêndios começaram no dia 17 de junho em Pedrógão Grande e Góis, tendo o primeiro provocado 64 mortos e mais de 200 feridos. Foram extintos uma semana depois.
Estes fogos terão afetado aproximadamente 500 habitações, 169 de primeira habitação, 205 de segunda e 117 já devolutas. Quase 50 empresas foram também afetadas, assim como os empregos de 372 pessoas.
Mais de dois mil operacionais estiveram envolvidos no combate às chamas, que consumiram 53 mil hectares de floresta.
Após a reunião, com a reforma das florestas e as consequências dos incêndios, a presidente da central sindical UGT, Lucinda Dâmaso, salientou a “importância de olhar para algumas classes profissionais” como os bombeiros e os guardas florestais.
“Será que não temos de fazer um debate sobre a importância destes trabalhadores?”, questionou a dirigente sindical, argumentando ainda a importância de existirem os meios necessários para acudir a incêndios.
Já o secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, apelou para que, “para lá das medidas mais gerais que devem ser tomadas”, haja “respostas às necessidades mais prementes das pessoas”.
“É preciso apoiar as pessoas naquilo que é fundamental para a vida do seu dia-a-dia e é preciso tomar medidas para recuperar as casas e simultaneamente recuperar rapidamente os empregos e já agora tomar outras medidas complementares para atrair investimento e novas empresas para aquelas zonas”, defendeu.
Presente no encontro esteve ainda o secretário de Estado da Administração Interna, Jorge Gomes.
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