Grupos rebeldes que há três anos aterrorizam a província nortenha de Moçambique aumentaram os ataques em 2020 e têm se aproximado do recinto de construção liderado pela Total, levando a um abrandamento do projeto e à saída de pessoal no final do ano.
“A Total e o Governo estão em sintonia: o que vai acontecer é um reforço das medidas de segurança”, referiu a mesma fonte, sem no entanto detalhar como vai acontecer esse reforço.
Segundo acrescentou, “o projeto é para continuar, mantendo-se as datas previstas”, ou seja, início de exploração em 2024.
Trata-se do maior investimento privado em curso em África, avaliado entre 20 e 25 mil milhões de euros, e nele reside uma das principais esperanças de Moçambique se desenvolver nas próximas décadas.
A 24 de agosto de 2020, a Total já tinha anunciado uma revisão do memorando de entendimento com o Governo moçambicano para a operacionalização de uma força conjunta com as Forças de Defesa e Segurança (FDS) para proteção do projeto.
Em esclarecimentos à Lusa, a petrolífera francesa referiu na altura que “a revisão do memorando de segurança reflete o aumento das atividades na fase de construção e a mobilização de uma maior força de trabalho”.
Até agora têm decorrido sobretudo atividades de engenharia e aquisições (a designada fase de ‘procurement’, termo inglês), sendo 2021 o ano para arranque da fase de edificação da cidade do gás e zona industrial para liquefação do gás a ser puxado para terra desde as perfurações no fundo do mar da bacia do Rovuma.
Ronan Bescond, diretor-geral da Total em Moçambique, referiu numa conferência em Maputo, em outubro, que “um ambiente seguro e uma rede de estradas robusta são pré-condições para o projeto cumprir a promessa de catalisar o crescimento e desenvolvimento do distrito de Palma e do país”.
No encontro de segunda-feira, além do presidente da petrolífera francesa Total, Patrick Pouyanné, e do presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, participaram o ministro dos Recursos Minerais e Energia, Max Tonela, e os dois governantes ligados às FDS: o ministro do Interior, Amade Miquidade, e o ministro da Defesa, Jaime Neto.
A violência armada em Cabo Delgado, norte de Moçambique, está a provocar uma crise humanitária com cerca de duas mil mortes e 560 mil pessoas deslocadas, sem habitação, nem alimentos, concentrando-se sobretudo na capital provincial, Pemba.
Algumas das incursões passaram a ser reivindicadas pelo grupo ‘jihadista’ Estado Islâmico desde 2019, mas a verdadeira origem da insurgência continua sob debate.
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