O programa “Remote Working Cabo Verde” surge quando o arquipélago, atualmente com uma reduzida incidência de covid-19, mas sem turismo praticamente desde março, tenta relançar o interesse internacional como destino de sol e praia, reforçado pela conjuntura segura face à pandemia, depois do reforço da capacidade laboratorial de despiste da doença e já com unidades de saúde certificadas internacionalmente.
Lançado oficialmente pelo Governo cabo-verdiano este mês, o programa consiste num visto temporário de trabalho com a duração de seis meses, com possibilidade de renovação por igual período, num custo total por pessoa de 54 euros, prevendo isenção do pagamento de imposto sobre o rendimento para os trabalhadores independentes que se fixem no arquipélago em teletrabalho.
Sol, praia, hospitalidade, tranquilidade e uma ligação garantida à Internet de alta velocidade, para “trabalhar enquanto aprecia a beleza natural do país”, são argumentos apresentados na campanha no exterior, consultada pela Lusa e que é válida para trabalhadores independentes e respetivas famílias.
O programa, cujas candidaturas podem ser apresentadas por via eletrónica, destina-se apenas a cidadãos de países da Europa, América do Norte, da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO). Obriga, além de um teste negativo para covid-19 para entrar no arquipélago, à apresentação de prova de rendimentos, nomeadamente um saldo médio bancário de pelo menos 1.500 euros nos últimos seis meses, para um visto individual, e de 2.700 euros para um visto de família.
Segundo o ministro do Turismo, Carlos Santos, trata-se de um programa que se insere na retoma do turismo em Cabo Verde, após as restrições devido à pandemia de covid-19, tentando em simultâneo diversificar a oferta turística cabo-verdiana. Acrescenta que surge precisamente numa altura em que o teletrabalho ganha força, no contexto da pandemia, já que “de repente, as pessoas deram conta que é possível trabalhar longe das empresas”.
“Ou seja, fora dos espaços ou dos escritórios. E aqui o que está a ser feito é aproveitar esta nova largada, esta ênfase que se está a colocar nos nómadas digitais para se conseguir, então, aproveitar essa oportunidade de negócio”, afirmou Carlos Santos.
Com a aposta em curso, anterior à pandemia, num ‘hub’ tecnológico no arquipélago, e tirando partido da localização estratégica entre África, Europa e América, o ministro garante o objetivo de juntar as vantagens competitivas de Cabo Verde: “Ou seja, será a economia digital a dar cartas numa altura em que trabalhar fora dos escritórios começa a ser uma realidade e ganha maior importância, devido à condição de distanciamento e de não aglomeração de pessoas”.
Cabo Verde registou em 2019 um recorde de mais de 819 mil turistas, mas de 19 de março a 12 de outubro esteve fechado a voos internacionais comerciais, devido à pandemia, e só a partir deste mês está prevista a retoma do turismo por parte dos maiores operadores internacionais.
Comentários