"O Stop não pode funcionar como está. Não tem hoje as condições necessárias de segurança e salubridade para poder funcionar. Este assunto tem sido denunciado à câmara por inúmeras pessoas (...) Não vamos assumir a responsabilidade civil e criminal de manter em funcionamento uma coisa que os próprios [músicos] dizem que não pode funcionar", afirmou o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira.

Na sequência de uma proposta apresentada pela CDU na reunião do executivo, para que a autarquia ou o Ministério da Cultura tomassem posse administrativa do Stop, o autarca independente adiantou que o projeto de arquitetura foi aprovado a 31 de maio, possuindo a administração do Stop "seis meses para apresentar os projetos de especialidades", ou seja, até 30 de novembro.

"Será que as obras [no Stop] vão ser concretizadas? Sinceramente não sei e até duvido", afirmou Rui Moreira, acrescentando que a tomada de posse administrativa do espaço seria uma "ilegalidade", tendo em conta que ainda decorrem os prazos fixados nos processos.

De acordo com uma informação partilhada pelo município, o centro comercial Stop não cumpre os requisitos previstos no Regime Jurídico da Segurança contra Incêndios em Edifícios, pelo que para regularizar a situação "terão de ser realizadas obras com custos significativos, considerados até agora incomportáveis para o grupo de músicos que liderou os vários processos tendentes à regularização".

Aos vereadores, o presidente da câmara revelou também que foi proposto à associação dos músicos do Stop e à administração do condomínio a ocupação dos andares superiores do Silo Auto.

"Disseram-nos que não queriam, que não lhes interessava porque querem continuar no Stop", adiantou Rui Moreira, dizendo que o município poderia, nos dois últimos andares do Silo Auto, criar um espaço de partilha em modelo de 'open space' para os músicos.

A vereadora da CDU defendeu ser "possível" a tomada administrativa do espaço "quando se colocam questões de segurança".

"Mantém-se essa possibilidade", referiu Ilda Figueiredo, acrescentando que o documento é um "grito de alma" em defesa das "centenas de músicos" que trabalham naquele espaço.

Já a vereadora do BE, Teresa Summavielle, considerou "interessante" a solução do Silo Auto, mas defendeu que o modelo de 'open space' "não resolve" a situação, apelando para que fosse equacionada a criação de "compartimentos sonorizados".

Em resposta à vereadora, Rui Moreira esclareceu que não seria possível criar um estúdio para cada músico, pelo que seria necessária a sua partilha, dando o exemplo da Fonoteca.

Pelo PS, a vereadora Rosário Gamboa encetou autarquia a não abandonar a solução do Silo Auto, que, considerou, "tem muito valor para a cidade", até pela própria localização.

Já o social-democrata Vladimiro Feliz afirmou que a solução alternativa "faz todo o sentido", mas que podendo ser mantida a solução Stop, nomeadamente a realização da empreitada, é "o melhor cenário".

Situado na Rua do Heroísmo, o centro comercial Stop funciona há mais de 20 anos como espaço cultural e que diversas frações dos seus pisos são usadas como salas de ensaio ou estúdios por vários artistas, revela a proposta da CDU, rejeitada com os votos contra dos vereadores do movimento independente de Rui Moreira, do PSD e do PS, e os votos favoráveis do BE e CDU.

"O espaço cultural que atualmente o Stop é, com mais de 500 utilizadores, sendo que mais de 90% são músicos, constitui uma mais-valia para o Porto", refere a proposta da vereadora.

De acordo com uma notícia de finais de outubro de o Jornal de Notícias (JN), o centro comercial Stop “tem problemas estruturais, que "comprometem a segurança do edifício e de quem o frequenta", segundo um diagnóstico feito pela autarquia.

A Câmara do Porto deu um prazo para "apresentação do projeto de especialidades no processo de licenciamento", tendo em vista a resolução daqueles problemas, referiu o diário, acrescentando que os músicos que ocupam a maior parte das salas temem o encerramento.

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