Depois de já ter visitado, na quinta-feira, os bombeiros voluntários de Cinfães (no distrito de Viseu), a diplomata e antiga eurodeputada do PS começou hoje o dia com duas visitas seguidas a associações de bombeiros, primeiro em Carnaxide e depois em Odivelas.
As preocupações foram semelhantes em ambos os quartéis: dificuldade de recrutar pessoal e um sentimento de “injustiça” por não terem sido incluídos nos grupos prioritários de vacinação contra a covid-19, preocupação partilhada pela candidata a Belém.
“Já há dias em Cinfães essa mágoa me foi expressa pelos bombeiros e aqui na cidade mais do que nunca se justificaria. Não provavelmente todos os bombeiros, mas aqueles que estão nas equipas da linha da frente”, defendeu Ana Gomes, dizendo não compreender que “ainda não estejam incluídos”.
Em Carnaxide, Ana Gomes subiu a uma viatura de desencarceramento, ouviu lá dentro o toque da sirene, mas não conduziu, embora já tenha guiado outros equipamentos semelhantes, quando esteve em Timor.
“Era uma viatura indonésia e eu ia para junto à fronteira com Timor. Eram oito horas de caminho e, a certa altura, o condutor estava cansado e pediu-me ‘pegue no volante’ e eu peguei. E safei-me”, contou, entre risos.
Depois dos bombeiros, seguiu para a esquadra em Odivelas, onde reiterou que a dignificação das forças de segurança e das Forças Armadas será uma preocupação sua se for eleita.
“Quero reforçar aqueles que exercem autoridade em nome do Estado, dar-lhes condições de dignidade”, referiu.
Questionada sobre o derradeiro debate entre os vários candidatos presidenciais - na segunda-feira na Antena 1, Rádio Renascença e TSF -, Ana Gomes disse esperar que seja possível distinguir “quem efetivamente quer apoiar” estes profissionais - em que inclui bombeiros, polícias, profissionais de saúde e Forças Armadas - daqueles que “têm trabalhado para enfraquecer o Estado”.
Desvalorizando a anunciada ausência do candidato André Ventura, Ana Gomes apontou que, neste momento, a grande preocupação dos cidadãos é a saúde.
“Temos de conter e travar a progressão desta pandemia, não podemos continuar a ter os hospitais sob tremenda pressão”, disse, avisando que todos os recursos “são finitos”.
Questionada se o Governo tem responsabilidades nesta situação, a militante do PS respondeu que “com certeza” que terá, mas voltou a focar as críticas no atual chefe de Estado e recandidato, Marcelo Rebelo de Sousa, a quem acusa de dificultar o uso da requisição civil dos privados na saúde.
“Não percebo porque é que ainda não se passou à requisição civil, sobretudo quando se admite, como já admitiu o primeiro-ministro há dias, que os privados não têm querido assumir responsabilidades pelos doentes covid”, referiu.
A ‘surpresa’ da manhã de campanha - à tarde a candidata visita um bairro social em Porto Salvo (Oeiras) - apareceu no final da visita às instalações da PSP em Odivelas.
Ana Gomes tinha à sua espera um potencial adversário a Belém, mas que só poderá concorrer daqui a muitos anos: David Almeida, de 12 anos, quis saber qual seria a primeira medida da candidata, se for eleita a 24 de janeiro.
“Primeiro tenho de falar com o primeiro-ministro, porque o Presidente não governa, mas ao mesmo tempo dizer o que eu acho que é preciso fazer, quem é preciso apoiar”, explicou a diplomata, que chegou a questionar David se era ucraniano ou filho de ucranianos, pela “pronúncia” e grandes olhos azuis, mas a criança respondeu ser portuguesa.
David até tinha perguntas que têm também sido colocadas pela ex-eurodeputada do PS - como o facto de Marcelo Rebelo de Sousa ter feito pouca campanha - e, no final, admitiu que, além de querer ir para a Força Aérea, “mais lá para a frente” gostaria de ser Presidente da República.
“Boa! (…) Eu vou muito preocupada sobretudo com vocês, os miúdos. Este país é vosso, pá! Vocês têm de se mobilizar, tal como me estás a pedir contas a mim, tens de pedir aos outros também”, desafiou.
Comentários