"O governo da Índia cometeu um erro fundamental ao pensar que poderia apoiar atividades criminosas contra canadianos [...] sejam assassinatos, extorsão ou outros atos violentos", disse Trudeau a jornalistas em Ottawa.

Canadá e Índia expulsaram mutuamente os seus embaixadores nesta segunda-feira, depois de Nova Délhi declarar que o seu enviado foi citado como "pessoa de interesse" numa investigação sobre o assassinato no ano passado de um dirigente separatista sikh.

A Índia indicou previamente que retiraria o seu embaixador e outros cinco diplomatas do Canadá devido a tal investigação. No entanto, a ministra dos Negócios Estrangeiros canadiana, Mélanie Joly, afirmou que os diplomatas foram expulsos e não retirados.

A ministra disse que tomou a decisão por "numerosas provas, claras e concretas que permitem identificar seis pessoas de interesse no caso Nijjar" e pela falta de colaboração da Índia, que recusou suspender a imunidade diplomática dos seus representantes.

O assassinato em 2023 do cidadão canadiano Hardeep Singh Nijjar azedou as relações entre os dois países. Nijjar, que emigrou para o Canadá em 1997 e tornou-se cidadão canadiano em 2015, defendia declarar parte da Índia como um estado sikh independente, conhecido como Calistão.

O primeiro-ministro canadiano afirmou antes que havia "acusações críveis" que vinculam a inteligência indiana com o crime cometido em Vancouver.

Por sua vez, a Índia "decidiu expulsar" o alto comissário em funções de Ottawa, Stewart Wheeler, o seu adjunto e quatro primeiros secretários, ordenando-os a deixar o país antes da meia-noite de domingo.

A expulsão mútua dos seus diplomatas de mais alto escalão constitui uma escalada maior do conflito.

"Não temos fé no compromisso do atual governo canadiano para garantir a sua segurança", disse o Ministério dos Negócios Estrangeiros indiano em comunicado. "Portanto, o Governo da Índia decidiu retirar o alto comissário [Sanjay Kumar Verma] e outros diplomatas e funcionários", acrescentou.

Também classificou como "absurdas" as acusações de que a Índia estava envolvida no assassinato e assinalou uma "estratégia para difamar a Índia com fins políticos".

Por sua vez, a Real Polícia Montada do Canadá (RCMP) anunciou nesta segunda-feira "provas" do "envolvimento de agentes do governo da Índia em graves atividades criminosas no Canadá".

O Comissário da RCMP Mike Duheme mencionou casos de "intimidação, assédio, extorsão e coação" em território canadiano assim como "homicídios e atos de violência", "recolha de informações" e "ingerência em processos democráticos".

As autoridades indianas buscavam Nijjar por suposto terrorismo e conspiração para cometer assassinato.

Até agora, quatro indianos foram presos em relação com o assassinato de Nijjar, que teve lugar no estacionamento de um templo sikh em Vancouver em junho de 2023.