Ao falar na conferência de imprensa da peregrinação internacional aniversária de 12 e 13 de maio, que hoje começou no Santuário de Fátima e a que vai presidir, John Tong admitiu que “ainda este ano poderão ser anunciadas boas notícias”.
Segundo o cardeal, há várias questões nas negociações entre Pequim e o Vaticano, sendo que a nomeação dos bispos locais é um dos pontos mais importantes.
“Este é o ponto chave”, declarou o prelado, que destacou a devoção à Virgem de Fátima na China, onde o Centenário das Aparições foi celebrado em igrejas locais.
Ainda assim, John Tong considerou que “a Igreja na China continua a viver atualmente numa situação atípica”, assinalando que o Governo privilegia a Igreja oficial, a Associação Patriótica, implementando medidas restritivas para a comunidade que segue as orientações do Vaticano.
O cardeal admitiu, contudo, que a situação da Igreja na China “continua aberta a grandes possibilidades”, destacando a “grande coragem em muitas comunidades católicas na defesa da sua fé”.
Já o bispo de Leiria-Fátima, António Marto, considerou que se está “a viver um momento delicado e esperançoso no diálogo” entre a Santa Sé e a China, manifestando o desejo de “que possa abrir caminho ao reconhecimento da Igreja católica na China e que permita aos católicos chineses serem cidadãos plenamente católicos e plenamente chineses, porque é isso que está em questão no fundo”.
“Queremos ter esta intenção presente nesta peregrinação”, afirmou António Marto, pedindo para que este diálogo “chegue a bom termo” e “seja frutífero a breve tempo”.
Pequim e a Santa Sé estarão prestes a quebrar mais de meio século de antagonismo com a assinatura de um primeiro acordo sobre a nomeação dos bispos.
Os dois Estados romperam os laços diplomáticos em 1951, depois de Pio XII excomungar os bispos designados pelo Governo chinês.
Em 12 de março, a China disse que está a trabalhar com o Vaticano para melhorar as relações bilaterais, numa altura em que ambos os Estados estão prestes a assinar um acordo sobre a nomeação dos bispos, segundo observadores.
"A nossa posição é clara, estamos contentes por trabalhar com o Vaticano para melhorar as relações", afirmou o porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Lu Kang, em conferência de imprensa.
Já em 03 de abril, a China considerou que limitar o controlo do Vaticano na nomeação dos bispos não restringe a liberdade religiosa dos crentes chineses.
O vice-diretor da Administração de Assuntos Religiosos da China Chen Zongron reafirmou a noção de que os grupos religiosos do país não podem ser controlados por "forças estrangeiras".
"A constituição chinesa afirma claramente que os grupos e assuntos religiosos não podem ser controlados por forças estrangeiras, e que estas não devem interferir de forma alguma", referiu.
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