Na conferência de abertura do 33.º Encontro da Pastoral Social, que teve início hoje e se estende até quinta-feira, Manuel Clemente disse que procurar os outros "não é só emprestar a nossa voz nas suas causas, mas também ser seus amigos, escutá-los e compreendê-los".

Na sua intervenção, intitulada "Uma igreja em saída ao encontro de todas as periferias", o Cardeal Patriarca de Lisboa diz que é necessário a desconcentração da Igreja, como "defende o Papa Francisco, para que não viva virada para si própria, mas para a realidade envolvente, com o mesmo olhar de Jesus Cristo para o que era preciso cuidar".

"Trata-se sempre de sair, umas vezes em sentido geográfico, porque se tem de ir a outro sítio, e principalmente em sentido pessoal, porque se tem de sair de si para dar lugar ao outro que entra na nossa preocupação e atividade", disse.

Segundo Manuel Clemente, a Igreja tem de ir ao encontro de todas as franjas da população e não deixar ninguém para trás, através do olhar de cada comunidade cristã que deve "verificar a realidade do que é preciso acompanhar mais".

Para o também presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), "cada comunidade tem de olhar à sua volta e verificar o que é preciso pôr mais no centro -antes de mais a nossa preocupação e depois a nossa ação, tudo ao mesmo tempo".

"Por exemplo, os idosos. Hoje em dia numa sociedade como a nossa há muita solidão e muita descentralização das pessoas com mais idade, que estão só, outras vezes são grupos étnicos, que ainda não estão suficientemente integrados, respeitados e valorizados na sua própria cultura", frisou.

De acordo com o Cardeal Patriarca de Lisboa, é "preciso acompanhar as pessoas, identificar situações, colmatar faltas, eliminar exclusões e centralizar".

No fundo, sintetizou Manuel Clemente, trata-se de retomar a "evangelização de Jesus" que o Papa Francisco abraçou para continuar a missão da Igreja.

O 33.º Encontro da Pastoral Social, subordinada ao tema "Trazer as periferias para o centro", decorre numa unidade hoteleira em Fátima até quinta-feira, abordando temas como os refugiados, os sem-abrigo, a economia, a Amazónia e a ética.