“Os testemunhos de todas as dioceses levam-nos a concluir que, neste momento, a dignidade humana está a ser agredida e desrespeitada, especialmente entre os mais vulneráveis”, explicou a organização humanitária da Igreja Católica em comunicado, na terça-feira.
De acordo com a Caritas, a crise económica que assola o país e o abuso de poder do Estado tem deteriorado “os serviços básicos indispensáveis, como a eletricidade, água, transporte, estradas, saneamento urbano, gás doméstico, serviços hospitalares e funerários, telefone, o acesso à internet e a perda de um grande número de meios de comunicação social”.
“A rutura da ordem social e da normalidade da vida quotidiana são inegáveis e estão à vista de todos”, apontou a organização, chamando a atenção para o crescente êxodo dos venezuelanos, mesmo sabendo das dificuldades em muitos países de acolhimento, “são forçados a partir para sobreviver”, acrescentou.
Segundo a organização, tem existido no país um aumento significativo de pessoas a trabalhar em minas ilegais, de forma a poderem preservar a sua qualidade de vida, o que tem provocado “danos imediatos, como a propagação de doenças infecciosas (malária entre outras), tráfico de seres humanos e, a longo prazo, um impacto ambiental significativo como a contaminação com mercúrio, dos rios e a desflorestação das nossas florestas”.
O crescente número de favores sexuais a troco de dinheiro ou alimentação foi outro dos pontos que a Caritas denunciou neste comunicado. Tais acontecimentos “prejudicam todo o valor social e humano”, pode ler-se na nota.
De acordo com a Caritas existe um grande número de pessoas detidas em comandos e destacamentos dos organismos de segurança, municipais e do Estado, em situações desumanas. “Sofrem de doenças, (…) superlotação e fome”, denunciou a organização.
Perante este cenário, a Caritas “solicitou ao Estado venezuelano que garanta os direitos à vida, à alimentação e à saúde” dos residentes na Venezuela, “tal como está consagrado na Constituição”.
A Caritas apelou ainda aos venezuelanos a “organizarem-se ou a unirem-se” nas mais variadas ações de solidariedade.
Comentários