Esta acusação de Carlos César foi feita no debate da moção de censura ao Governo apresentada pelo CDS-PP na Assembleia da República, na sequência dos incêndios da semana passada, que provocaram até agora 45 mortos, numa intervenção que teve também uma passagem crítica em relação à atuação do BE e do PCP em matéria de prioridade política à floresta e à prevenção de incêndios.
"Temos uma obrigação quase única: a de não derrotarmos a esperança dos portugueses com o debate inútil e a diatribe continuada. E, se ao governo cabe agir - à oposição cabe fazer com que ele aja e o faça da melhor forma", começou por defender o líder da bancada socialista.
Nesse sentido, na perspetiva de Carlos César, a iniciativa do CDS-PP "não foi o melhor contributo", dizendo mesmo que constituiu uma "precipitação".
Segundo Carlos César, a moção de censura do CDS-PP ao Governo será votada "e ver-se-á quem tem a confiança" e quem não a tem.
"Mais valia que, reconhecendo a impropriedade cívica da iniciativa - e ainda a tempo -, trocassem a moção de censura pela consideração de propostas mais construtivas. Cabe-nos, em todo o caso, não prolongar o ruído tentado, que só prejudica a ação que se reclama", sustentou.
Depois de defender que é urgente reerguer a confiança dos que foram atingidos pelos incêndios - "temos que o fazer sem mais demoras e rodriguinhos" -, o presidente do PS sustentou que estão preparadas já opções orçamentais "corajosas".
Em contraponto, de acordo com Carlos César, no último Orçamento apresentado pelo PSD/CDS, em 2015, "a palavra incêndios aparece três vezes, duas das quais para justificar diminuições de verbas para o combate aos fogos".
"Se a moção de censura aqui apresentada significasse a contrição que a todos - sim, a todos, sem exceção - cabe fazer, por não termos escolhido sempre bem as prioridades e conseguido preparar o país para estas adversidades, todos estaríamos possivelmente de acordo, embora uns com mais responsabilidades do que outros", defendeu.
Segundo o presidente do Grupo Parlamentar do PS, a moção de censura do CDS-PP teve apenas um objetivo: "O de que os que erraram antes - e não o querem admitir - censurassem os que, no seu dizer, erraram depois".
Para Carlos César, os erros na seleção das prioridades "não se concentram nos dois últimos anos de governação, nem se confinam aos que, ao longo de décadas, se alternaram no Governo" - aqui, também, numa crítica "indireta" ao BE e ao PCP.
"Atingem, também, todos os que, em todos os momentos, na oposição partidária, da mais à direita à mais à esquerda, deram sempre outros sinais e apontaram sempre outras prioridades", acrescentou.
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