“Eu não tinha tempo físico para estar em reuniões, nem a ‘troika’ tinha tempo para isso, para estar a falar comigo sobre problemas que estavam a falar com outros e que não dependiam daquilo que era a minha função”, disse hoje Carlos Moedas na Comissão Eventual de Inquérito Parlamentar às perdas registadas pelo Novo Banco e imputadas ao Fundo de Resolução.

Em resposta ao deputado Duarte Alves (PCP), o atual candidato autárquico à Câmara Municipal de Lisboa pelo PSD e CDS-PP reiterou que “esse ponto de discussão nunca existiu” nas reuniões que manteve com a ‘troika’.

Questionado sobre se a resolução do BES e uma outra atuação do governo poderia ter posto em causa a saída limpa do programa da ‘troika’, Carlos Moedas disse que não podia responder sobre “o que é que teria sido diferente”.

“A minha focalização era realmente nessa finalização [do programa da ‘troika’], mas ela não dependia de mim, dependia daquilo que eram as conclusões das instituições exteriores a Portugal, que estavam cá, e de que nos conseguimos livrar”, tinha já dito anteriormente o antigo secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro Pedro Passos Coelho.

Quanto às reuniões mantidas com Ricardo Salgado, Carlos Moedas manteve, tal como nas respostas dadas à anterior comissão de inquérito sobre o BES, que se referiram aos problemas sobre a parte não financeira do Grupo Espírito Santo (GES), e não sobre a parte financeira do grupo.

Carlos Moedas confirmou também que Ricardo Salgado lhe telefonou a pedir para falar com o então presidente da Caixa Geral de Depósitos (CGD), José de Matos, tendo achado essa interpelação um facto “estranho” e comentado isso com o líder do banco público.

O antigo governante disse também que não sabia da dívida de 7,6 mil milhões de euros do GES.

No dia 25 de março, o PS requereu os depoimentos por escrito do ex-Presidente Cavaco Silva, dos antigos primeiros-ministros Durão Barroso e Passos Coelho e a audição presencial do ex-comissário europeu Carlos Moedas na comissão de inquérito do Novo Banco.

O anúncio foi feito no parlamento pelo coordenador do PS nesta comissão de inquérito, João Paulo Correia, um dia depois da audição de José Honório, ex-administrador do BES e Novo Banco, que segundo o socialista revelou que o antigo presidente do BES Ricardo Salgado entregou, em 2014, um memorando a cada uma das autoridades políticas em que dava conta do “buraco gigante em que estava enfiado o GES”.

O PSD acusou o PS de estar a “brincar” com a comissão de inquérito ao Novo Banco e com a realidade de forma “execrável”, ao pedir depoimentos escritos de ex-governantes sociais-democratas e a audição de Carlos Moedas.

Duarte Pacheco lembrou, na altura, que “na anterior comissão de inquérito” à gestão do BES e do Grupo Espírito Santo, que terminou em 2015, “houve um trabalho sério que prestigiou o parlamento e prestigiou os deputados que a integravam”.

O deputado continuou, dizendo que “hoje os tempos são outros e a atual comissão de inquérito parlamentar está a investigar aquilo que o Governo do PS fez: o seu comportamento, a alienação do banco, o modo como acompanhou a gestão e automaticamente o comportamento do PS alterou-se, passou de responsabilidade a irresponsabilidade”.

“E esse comportamento irresponsável do PS ficou bem evidente no requerimento que agora apresentou”, apontou o deputado.

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