A autarquia investiu cerca de 700.000 euros na organização do evento e, desses, 15.000 euros foram aplicados na aquisição de 60.000 copos reutilizáveis, cujo uso a câmara impôs aos 30 espaços de restauração licenciados para funcionar no centro da cidade durante os cinco principais dias da festa.

As figurantes do grupo “Os Bailarinos de Válega” elogiam a medida, porque, a avaliar por sexta-feira e sábado à noite, “passou a ver-se muito menos copos no chão”, mas Rita Cunha realça que, na sede desse coletivo, “já antes havia muita preocupação em evitar o desperdício”.

Isso vê-se pelo traje deste ano, por exemplo, que replica a indumentária da artista mexicana Frida Kahlo (1907-1954), com grandes tranças em todo o rodado das saias: “Em vez de cortarmos a fita de veludo metro a metro, para cada vestido, o que deixava sempre umas pontas soltas de sobra, optámos por fazer uma única trança com várias dezenas de metros e depois cortámos daí a parte necessária para cada saia, mesmo à medida”.

No grupo “As barulhentas”, em que as figurantes decoraram o cabelo ao estilo tradicional russo e passeavam bonecas matrioscas sobre rodas, a estreia dos copos reutilizáveis também foi apreciada: “São muito bonitos, dão para colecionar e percebe-se a diferença logo de manhã, porque quando a festa acaba há muito menos lixo no chão”.

Quanto ao contributo ambiental do próprio grupo para a sustentabilidade ecológica do Carnaval de Ovar, é Diana Pinto que explica que, na sede dessa coletividade, “faz-se a separação de resíduos, juntam-se tampinhas [de recipientes plásticos] para ajudar a arranjar cadeiras de rodas e, este ano, também se juntaram garrafas de plástico para o carro [alegórico]”.

Esses recipientes foram utilizados para envolver e engrossar a caixilharia da viatura, formando em torno de cada ferro um tubo plástico que só não é identificável porque está agora totalmente forrado com flores de tecido.

Renato Alçada, dos “Marados”, ainda não teve oportunidade de testar os novos copos reutilizáveis porque passou as últimas noites a trabalhar no carro do desfile, mas também enaltece a iniciativa por replicar em Ovar “aquilo que já se vê noutros festivais” e por refletir “uma cultura nova que é preciso alimentar nas pessoas”.

Na sede do grupo, por sua vez, diz que há sempre “separação de resíduos” e, quando possível, reciclagem também. Foi o que aconteceu com as cadeiras que os “Marados” exibiam hoje na sua danceteria sobre rodas, já que essas peças integravam o mobiliário de um café local e, depois de “oferecidas ao grupo, foram recuperadas para ficarem com assentos novos”, em vermelho vivo.

Já entre os “Marroquinos”, cuja atuação no corso envolveu réplicas de um autocarro de dois andares, o “Big Ben” do parlamento britânico e várias cabines telefónicas transformadas em casas de banho, há menos reciclagem na sede do grupo, mas mantém-se a separação de resíduos e o apreço pelos novos copos do Carnaval vareiro.

André Silva diz que a medida “foi uma ótima ideia para diminuir o lixo na rua” e Francisco Tavares concorda: “Além de permitir a poupança de copos e assegurar menos resíduos, passa uma mensagem ambiental importante, que é preciso disseminar”.

Para Salvador Malheiro, presidente da Câmara Municipal de Ovar, a introdução dos novos copos reutilizáveis já provou ser “um sucesso pleno, porque, além de as pessoas rapidamente se habituarem a usá-los, estão a ser levados para casa como recordação, o que faz deles um ‘souvenir’ do próprio Carnaval”.

O grande corso de hoje teve lotação esgotada, pelo que foi acompanhado por mais de 25.000 pessoas. Às 15:30, uma hora após o arranque do cortejo, já centenas de visitantes viam impedida a sua entrada no recinto.

Salvador Malheiro disse à Lusa que essa procura “permite um retorno financeiro importante para o evento, que ainda não chegou à autossuficiência financeira, mas está a chegar a esse objetivo”.

Na segunda-feira são esperadas mais 200.000 pessoas no centro da cidade de Ovar, mas o acesso à chamada “Noite Mágica” é gratuito, pelo que não influirá no retorno imediato da despesa.

As expectativas da organização recaem principalmente sobre o corso de terça-feira, que voltará a ter disponíveis 25.000 lugares, mas cuja realização ainda está “em dúvida devido às condições climatéricas”.

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