O acréscimo de 10 euros por hora durante a semana da Jornada Mundial de Juventude (JMJ) destina-se a compensar o acréscimo de trabalho e também a não marcação de férias nas datas do evento que decorre em Lisboa entre 1 e 6 de agosto. Segundo a notícia avançada pelo Observador, que cita a Câmara Municipal de Lisboa, o valor destas compensações decorrerá de um "mecanismo que permitirá receitas extraordinárias e que será oportunamente anunciado e apresentado".
O valor do abono é inferior para os trabalhadores administrativos e quadros técnicos, fixando-se em 7 euros por hora, e deverá ser também aplicado nas situações de trabalho suplementar.
Na primeira proposta, apresentada pela Carris aos sindicatos, os valores apresentados situavam-se entre os 10 euros e os 8 euros, respetivamente para chefias e trabalhadores como os motoristas, guarda-freios, fiscalização e manutenção, da chamada área operacional. Nessa primeira versão ficavam de fora os funcionários administrativos e quadros técnicos.
A proposta de abono, nos moldes agora conhecidos, acontece pela primeira vez na Carris, de acordo com o Observador.
São esperadas 1,2 milhões de pessoas durante a semana da JMJ e os transportes são uma das prioridades da organização, dada a pressão que se antecipa.
Aumento de 70 euros no salário
A 15 de março foi anunciado que os trabalhadores da Carris iriam ter um aumento salarial de 70 euros, estando fora da proposta um dos cinco sindicatos.
Numa nota enviada pela empresa, foi então referido que os funcionários “vão ter um aumento salarial base de 70,00 euros, que corresponde a uma subida média global de 7,5% nos ordenados”, sendo que, como resultado de aumentos noutras rubricas da tabela salarial, “muitos dos funcionários da empresa vão ter aumentos reais superiores a 90,00 euros”.
"Trata-se do maior aumento salarial dos últimos anos e que o conselho de administração quis implementar dada a difícil situação económica e social com que a generalidade dos portugueses se confronta", lê-se no comunicado.
Na nota, a empresa salienta ainda que procurou "soluções para minimizar os efeitos desta conjuntura junto dos seus trabalhadores, mas que se revelassem, por outro lado, economicamente sustentáveis para a própria Carris".
Para o presidente do conselho de administração da transportadora, Pedro de Brito Bogas, citado na nota, este foi o "acordo possível", que representa um "esforço acrescido para a empresa", em que "o nível de crescimento das receitas, por força das medidas de congelamento do valor dos passes, não permite acompanhar o aumento sentido ao nível dos custos", mas que procurou responder às "legítimas expectativas" dos trabalhadores.
O acordo foi assinado por quatro sindicatos, lê-se na informação enviada pela operadora lisboeta: o Sindicato dos Trabalhadores dos Transportes (SITRA), a Associação Sindical dos Trabalhadores da Carris (ASPTC), o Sindicato Nacional dos Motoristas e Outros Trabalhadores (SNMOT) e o Sindicato dos Trabalhadores do Setor de Serviços (SITESE).
De fora do acordo, ficou, na altura, o Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários e Urbanos de Portugal (STRUP), ligado à Fectrans que avançou com a convocatória de greve entre os dias 4 e 11 de abril. No primeiro dia da greve, a Carris informou que "nas primeiras horas da manhã, dos 512 serviços (viagens) planeados, foram suprimidos apenas dois”.
O STRUP pedia um aumento salarial na ordem dos 100 euros, assim como um horário diário de sete horas de trabalho e rendições dos funcionários junto às estações.
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